quarta-feira, 5 de junho de 2013

O SUICÍDIO: O QUE DIZEM OS ESTUDIOSOS, O QUE DIZEM AS ESCRITURAS SAGRADAS



 Por:Sérgio Geremias de Santana

     


1    1.   O SUICÍDIO - UM ATO DE CORAGEM OU COVARDIA?

Imagine uma pessoa num prédio de trinta andares, e mesmo sabendo que em poucos segundos seu corpo sofrerá fraturas múltiplas e dilacerações, num ato deliberado se jogar abaixo; imagine alguém com uma arma na cabeça, convicta que basta um apertar no gatilho e seu cérebro esfacelar-se-á em fração de segundos; tente conceber alguém cortando os pulsos e morrendo aos poucos até que todo sangue tenha se esvaído das veias. Pois é, cenas como estas se repetem 3.000 vezes a cada dia; Se você contar quarenta segundos, uma pessoa terá feito isso em algum lugar no mundo. Deparando-nos com esta cena sinistra, surge a pergunta – esta atitude é um ato de coragem ou será uma atitude covarde?
O ato tirar a própria vida, em si, deixa margem para vários questionamentos. É preciso, porém entender o que leva uma pessoa a se matar. Se analisarmos, não se trata de uma busca por solução, mas uma fuga de algum tipo de problema; uma pessoa com tendências suicidas quer se livrar de alguma situação, porque se acha incapaz de enfrentá-la; não tem coragem de suportar a rejeição, as decepções, as crises, as dívidas e aí são dominadas por um desejo de desistência. Logo, desistir, não pode ser um ato de coragem.
A Bíblia nos ensina que devemos acreditar em Deus independente da situação que estamos vivendo. O ideal da Palavra de Deus aponta para superação de fracasso; O Salmista Davi no salmo 37 vv.3,4,5,7,34 revela os imperativos para se  vencer uma situação depressiva: Confia no Senhor...; Deleita-te também no Senhor...; Entrega teu caminhos ao Senhor...; Descansa no Senhor... e, Espera no Senhor. O salmista mostra que quando se entrega nas mãos de Deus tudo aquilo que se constitui um fardo para o homem, Ele oferece um escape. O problema é que os seres humanos tentam amenizar as suas dores independente de Deus; Muitos desconhecem que dele procede o livramento e a solução e aí sentem-se vencidos na arena da vida; não tem coragem de encara-la com seus dilemas e desafetos.
Dalida, por exemplo, uma cantora egípcia que fez muito sucesso na França, deixou uma nota antes de se matar que dizia: "Desculpem-me, a vida se tornou insuportável"; nota semelhante escreveu um músico britânico depois de perder a namorada e tomar a decisão de se suicidar: “... eu não quero mais viver esta vida”. Ora, tais afirmações de notas de suicídios revelam que estas pessoas eram movidas por um medo – o de lutar pela vida encarando os seus problemas. Seria isso um ato corajoso? Não, absolutamente, não.
Georges Perros, notável escritor francês afirmou: “O suicídio não é querer morrer, é querer desaparecer.” Aí nos perguntamos: desaparecer por quê? A resposta é obvia: para não ter que lidar com os problemas; para não lutar pela solução; desaparecer, neste contexto é sinal de desistir e desistir é sinal de covardia. Fomos projetados por Deus para levantar a cada queda e nunca para ficar prostrado. O suicídio é um dos mais covardes atos do ser humano, por desacreditar de si, por desacreditar da vida e, finalmente, por desacreditar de Deus.
Sabe-se que coragem é habilidade e a audácia de enfrentar o perigo, a dor, medo, a incerteza, confiante de que poderá superar a qualquer dificuldade. Diz-se que até mesmo os animais irracionais, movidos por seus instintos, percebem o perigo, mas pela necessidade de sobrevivência enfrenta-o destemidamente. Uma pessoa que se suicida age exatamente ao contrário, perde a perspectiva da vida e opta pela morte porque não se acha capaz ou digna de superar a situação que a vida lhe impôs. Isso é covardia, que se traduz pela fraqueza de ânimo, medo e timidez, diante de qualquer situação ameaçadora. Vale salientar que por trás desta atitude tímida e covarde há a intervenção do Diabo, cuja missão é roubar matar e destruir, contrariando o ideal de Cristo que é trazer vida e vida abundante, conforme João 10.10.
Finalizando queremos afirmar que, matar-se não é um procedimento corajoso. Coragem é ser firme diante de qualquer obstáculo, sabendo que quando não pudermos vencer, basta confiar em Deus e Ele nos encaminhará à superação. Matar-se é um ato covarde. Sim, covarde porque a pessoa movida pelo medo de encarar os problemas desiste do mais precioso dom dado pelo criador - a Vida. 
Se você que nos escuta nesta oportunidade, tem uma tendência suicida, renda-se a Cristo, pois ele é a essência da Vida e assim sendo, mesmo diante de adversidades, opte por viver, pois além de uma atitude covarde, suicidar-se se traduz um pecado gravíssimo diante do Dono da existência humana. Amém.

2. HÁ SALVAÇÃO PARA UMA PESSOA QUE TIRA A SUA PRÓPRIA VIDA?

Questionam-se como uma pessoa que se diz ter Jesus na vida, possa ter um comportamento suicida, mas, infelizmente é possível. Choca-nos a estatística de que em certo tempo, 24% de suicidas brasileiros eram pessoas evangélicas. Independente dos motivos apresentados, tal comportamento é muito intrigante.  Mas, digamos que a pessoa tenha tido um bom motivo para se matar, ou as condições impostas justificaria a ação, será que há salvação para ela?
Vamos responder a esta pergunta desprovidos de qualquer preconceito e de qualquer emoção, tendo como parâmetro a Palavra de Deus. Teremos um princípio referencial, a saber, “a vida como dom de Deus, e que como tal, só ele tem o direito de tirá-la”.
No decálogo, maior código de comportamento ético-religioso do mundo antigo, Deus apresenta o princípio supracitado no quinto mandamento, a saber:  “Não Matarás”, que se traduz por “não cometereis assassinato”. Isso deixa claro que, teologicamente falando, qualquer agressão à vida como, homicídio, aborto, eutanásia, guerra injusta e, inclusive, suicídio se constitui um pecado grave contra o quinto mandamento. O Jornalista e literário crítico inglês John C. Collins “Suicídio é a pior forma de assassinato porque ele não deixa nenhuma oportunidade para arrependimento.”
Sabemos que a misericórdia de Deus é imensurável e que sua graça pode alcançar o homem no pior estado de pecaminosidade, mas como bem afirmou o jornalista, o homicídio não dá chance para o arrependimento. Não há como buscar o perdão após a morte; morrendo o homem, seu destino é aguardar o juízo divino (cf. Hb. 11.26)
A Bíblia fala da culpabilidade de quem peca contra o dom da vida.  O apóstolo João disse que a vida de Deus não permanece no tal ( I Jo 3.15). No antigo testamento matar figurava-se um pecado capital. Em Nm. 35.30 o legista de Israel escreveu: “Todo aquele que matar alguma pessoa, conforme depoimento de testemunhas será morto...”; e em Lv 24.17 acrescenta: “...quem matar a alguém certamente morrerá.” Este ditame se repete em vários outros textos do Livro Santo. E o que dizer de quem se autodestrói? Como fica a situação  espiritual de quem tira a própria vida? Infere-se do que a bíblia diz que a tal pessoa é colocada a par de igualdades com um homicida, porque a essência do pecado é a mesma.
Apesar da firmação desta regra geral em relação ao suicídio, é preciso algumas análises neste particular, a fim de não cairmos em alguns extremos equivocados. Primeiro é sobre a etimologia do termo. A palavra suicídio é a junção de duas palavras latinas, a saber, sui, que quer dizer “próprio” e caedere, que quer dizer “matar”, cuja tradução se firma pelo “ato de matar intencionalmente a si mesmo.” Pois bem, é preciso atentar para o termo “intencional”.
O tratamento de Deus para um criminoso intencional e outro circunstancial era e é bem diferenciado. Por isso, a Lei previa a construção de seis cidades de refúgio, a fim de amparar, por exemplo, uma pessoa que matou outra sem intenção.  Neste caso, o indivíduo que, porventura, está com uma arma, e esta dispara tirando-lhe a vida, não se pode admitir que ela cometeu um suicídio.
Fato semelhante ocorre, digamos, a uma pessoa que está num prédio em chamas, e dominada pelo medo, num estado psicológico alterado se joga e morre. A pessoa não teve intenção de se matar, mas pulou do prédio e morreu.  Não podemos considerar aí um suicídio, porque o ato de se jogar não foi deliberado. A busca desesperada pela vida levou a pessoa à morte.
Uma segunda observação se dá quanto ao arrependimento espontâneo. Digamos que uma pessoa sob uma grande pressão acabou tomando, intencionalmente uma substância letal, e aos poucos está morrendo... Mas, antes da morte esta pessoa é tomada por um arrependimento sincero e pede clemência a Deus, antes da morte. Bem, houve intenção de se matar? Sim, houve! Mas, houve arrependimento, a tempo? Também houve! Não compete a ninguém fazer julgamento precipitado. Porém, se alguém articula isso no seu plano suicida, o perdão está fora de cogitação, porque a ideia de arrependimento, neste caso, é puramente mecânica e programada.
A terceira e última observação diz respeito a uma análise jurídica, chamada responsabilidade penal, que consiste no dever jurídico de uma pessoa responder a uma ação delituosa. Isso parece não ter nada a ver, mas tem um princípio a se pontuar aqui que é o da culpabilidade. Na questão da responsabilidade penal a culpa é anulada quando o agente se apresenta totalmente incapaz de discernir a natureza do delito praticado.
É exatamente isso que reza o Código Penal Brasileiro, o tratar  da Imputabilidade penal, em seu Art. 26 que diz:  “É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Pois bem, digamos que um crente, num estado de anomalia ou distúrbio psíquico de qualquer que seja o grau, cometa um suicídio. Como julgar tal atitude? Diante da lei tal procedimento é inimputável, ou seja, a culpa é nula, por ser considerado incapaz de entender o caráter do delito. Convergindo este pensamento para um suicida,  Como devemos julgar esta questão? Não quero incitar aos ouvintes a fazer pré-julgamentos, mas a refletir que é um fato atípico e que será certo afirmar, que nestes casos, Deus não julga apenas o ato isolado, mas todo o contexto, inclusive as intenções e a capacidade racional do indivíduo.
Finalizando, afirmamos: uma pessoa que, intencionalmente, tira sua vida, viola o quinto mandamento; peca contra o dom da vida e neste, ponto, um crente que se mata é tão culpada quanto a que mata outra pessoa. Com um agravante, aliás: não tem tempo de se arrepender, e, sem arrependimento genuíno não pode haver salvação. Portanto, se o ato suicida se ajusta naquelas três observações que apresentamos, a saber, a da fatalidade ou morte por desespero; a do arrependimento terminal e a da inimputabilidade se  faz necessário uma análise acurada para que não caiamos num extremo absurdo sem fundamentação bíblica e teológica.
Se você que está acompanhando esta programação tem sido atormentado com pensamentos suicidários, busque a Deus, procure orientação de seu pastor e/ou de um profissional competente, pois a vida nos foi dada pra ser vivida. Amém.

3. SANSÃO COMETEU SUICÍDIO? E AÍ, ELE FOI SALVO?

A história de Sansão é uma das mais bonitas e ao mesmo tempo uma das mais dramáticas da Bíblia. Uma tragédia, cheia de lições para a vida cristã em todas as épocas. No contexto do tema semanal de nossas enquetes, a vida do nazireu de Deus traduz-se numa grande polêmica. A Primeira gira em torno de sua morte - se consiste num ato suicida ou não. E a segunda diz respeito a sua salvação.
Vamos analisar primeiro o suposto suicídio de Sansão, tendo a priori a declaração: Se ele se matou, então não foi salvo. Depois comentaremos sobre sua salvação, tendo como afirmativa: Se ele foi salvo então não se suicidou.
Pois bem, quando lemos Juízes 16.30, percebemos que o imperativo nas palavras de Sansão: “Morra eu com os filisteus”, expressa que ela tinha, sim, intenção de morrer. Neste caso, analisando superficialmente, repito, analisando superficialmente, ele teria se suicidado. E aí sem muito esforço, concluiríamos que ele não teria sido salvo, porque se matou deliberadamente. Porém, um estudo mais aprofundado daria outra conclusão.
Como juiz, Sansão foi levantado para libertar os filhos de Israel das mãos dos filisteus, isto está expresso em Jz. 13.5. Sendo ele um tipo de Cristo. Pois bem, Sansão por vários momentos socorreu o seu povo das mãos dos opressores, mas não conseguiu, em vida libertá-lo definitivamente. Logo, a afirmação “Morra eu” mostra uma ação libertadora, um sacrifício pela libertação de Israel. Assim sendo,  pode-se interpretar as palavras de Sansão da seguinte forma: “Que eu me entregue pelo meu povo” ou  “que eu consiga com a minha morte libertar o meu povo”. Conclui-se que ele realizou com sua morte ou na morte o que não conseguiu em sua vida.  Neste caso, esse ato não seria um suicídio, e sim, uma entrega ou um sacrifício com um objetivo delineado. Aliás, Jesus também procedeu assim, entregou-se à morte para nos libertar.
Podemos corroborar a ideia de alguém se sacrificar pelo povo, com atitude da rainha Ester. Quando ela tomou conhecimento  que os judeus estavam em perigo de morte e que só ela poderia intervir para socorrê-lo, imperou nela uma decisão sacrificial ao afirmar: “...irei ao rei, ainda que seja contra a lei. Se eu tiver que morrer, morrerei". (Est. 4.16 NVI) É sensato dizer, à luz de outros argumentos que iremos postular que foi essa a intenção de Sansão: libertar o seu povo, da única maneira possível no contexto em que ele estava vivendo – morrer com seus adversários. Logo, é coerente afirmar, a morte de Sansão não pode ser catalogada como um suicídio.
Feitas estas considerações, aí vem à segunda pergunta: Sansão foi salvo?  Bem esta pergunta é mais fácil de responder que a outra. A primeira observação é que Sansão não cometeu suicídio, logo, isso não se traduz a um obstáculo à sua salvação. Mas, mais uma vez vamos ser sensatos a inferência bíblica:
No capítulo onze de hebreus, o célebre capítulo dos heróis da fé, um versículo me faz acreditar sem temer nenhum argumento, que Sansão foi salvo. O v.32  está escrito: “Que mais direi? Não tenho tempo para falar de Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e os profetas...”  Note bem que este versículo dialoga com  todo o capítulo 11  e Sansão aparece entre patriarcas, profetas juízes e reis que tiveram suas vidas marcada pela fé; homens que, como é dito no v. 38, o mundo não era digno deles, pelo testemunho de fé que lhes fora credenciado.
Não sei se os queridos ouvintes ainda precisa ouvir alguma coisa para entender que Sansão foi Salvo, eu, porém, contento-me com o que a revelação divina nos dispõe.
É interessante analisar que os argumentos em torno da morte e da salvação de Sansão são convergentes, um sustenta o outro: Se Sansão foi salvo, logo ele não cometeu suicídio. É certo dizer Ele pecou, foi responsabilizado e punido pelos seus pecados, arrependeu-se, cumpriu sua missão de libertador, dando sua vida pelo seu povo, mesmo que não fosse assim que Deus queria que fosse, mas morreu arrependido e descansa na eternidade com o mérito de um herói da fé.
Esperamos ter respondido coerentemente as questões em apreço e até a próxima enquete, se Deus nos conceder oportunidade. Amém.

4. POR QUE AS PESSOAS CHEGAM A TIRAR SUA PRÓPRIA VIDA?

Estudos revelam que o suicídio é a terceira causa de morte entre os jovens, ficando atrás apenas de acidentes e de homicídios. As pessoas com este comportamento são indivíduos de todas as classes socioeconômicas e muitos delas, oriundas de países desenvolvidos. Olhando superficialmente, percebe-se que muitos destes suicidas eram pessoas que tinham tudo para serem felizes, e, aparentemente, bem sucedidas, pois a taxa mais alta de quem se autodestrói está entre advogados, cientistas médicos e gente famosa. E aí nós perguntamos: porque as pessoas chegam a tirar sua própria vida? Quais as principais motivações para o número de suicídio ser cada vez mais alarmante?
Sociólogos, psicólogos, psiquiatras e outros cientistas vêm, há muitos anos estudando o comportamento suicida, tentando encontrar as principais causas da autodestruição. Apesar de diversas opiniões, todos têm um ponto em comum: a tendência suicida está relacionada à percepção de que a pessoa tem de si própria em se sentirem incapazes de administrar seus conflitos e de encararem seus problemas, buscando na morte uma forma definitiva de alívio. A pessoa que se mata  está  tentando fugir de uma realidade que pra ela é impossível de suportar.
Pode-se concluir, segundo os estudiosos que os problemas mais propensos a desenvolver a consumação suicida são:
   Depressão
   Fracasso profissional
   Problemas financeiros
   Ambiente familiar conturbado
   Doenças crônicas
   Transtornos psiquiátricos
   Dependência química
   Sentimento de rejeição, decepções e desilusões.

De certa forma todos estes problemas se relacionam a um estado de profunda angustia, chamada pelos psiquiatras de “personalidade deprimida”,  capaz de causar o desejo de desistência pela vida. Ora, Isso ocorreu até mesmo com grandes homens de Deus, como vamos analisar no último subtema destas enquetes.
                Mas afinal, porque pessoas estão cada vez mais se matando? Os sociólogos elencam razões sociais, como uma desilusão ou dificuldade de integração à vida em grupo, enquanto estudiosos da mente, como Freud, asseguram que as razões do suicídio, são os impulsos instintivos, que o mestre do inconsciente os chamou de “instintos de morte”. Outros, ainda, acreditam que a tendência suicida é uma predisposição herdada, ou seja, um suicida, já nasce com uma propensão à se matar.
                Bem, apesar de abordarmos no último subtema deste estudo sobre a posição do cristão quanto ao suicídio, analisando os casos ocorridos na bíblia, queremos abordar neste espaço uma colocação teológica do assunto.
                Não rejeitamos a teoria da predisposição suicida, levantada pelos psiquiatras; nem a do Instinto de Morte de Freud, e nem inda aquelas ligadas a fatores sociais. Reconhecemos que é possível que uma pessoa se mate, por qualquer uma destas causas ou pela junção de algumas delas. Portanto, não se pode mensurar o suicídio apenas no âmbito psicossocial. O homem também é espírito. Existem implicações espirituais que sinalizam com o social e com o psíquico. A Bíblia diz que o diabo, figuradamente chamado de ladrão, não vem senão para matar, roubar e destruir. (Jo 10.10). Ele atua na dimensão espiritual, intervindo no psíquico e no social alterando, inclusive, as faculdades racionais, como o fez com o endemoniado da cidade Gadara, conforme registram os Evangelhos.
Entendo que uma das razões que tem levado muitas pessoas a se matarem é o “vazio existencial”. É a falta de Deus no controle de suas vidas; é a busca egoísta por algo que não pode ser alcançado sem o divino. Neste contexto satanás impera! Pois uma mente desprovida de fé e da devoção a Deus, é um campo fértil para os agentes das trevas atuarem, fazendo com que diante de quaisquer conflitos e obstáculos da vida a pessoa opte pela morte. Tenho certeza, que foi o vazio existencial que levou pessoas famosas como Alberto Santos Dumont, Marcos Antônio, Nero, Camilo Castelo Branco, Ana Cristina César e muitos outros a tirarem suas vidas.     
Supreendentemente a bíblia mostra, em Mt.17.15 que um rapaz acometido pelo demônio se atirava no fogo e na água, ignorando a tendência da autopreservação,  no que configura uma postura autodestruidora, respaldando assim,  o caráter espiritual do suicídio.  Alguns comportamentos como ouvir vozes, por exemplo, encaminhando pessoas a tirarem suas vidas, que para  ciência, são traços esquizofrênicos e psicóticos, se bem analisados por um olhar bíblico-teológico podem-se perceber  que se tratam de atividades demoníacas, levando a efeito a missão do diabo apresentada em João 10.10.
Assim, sendo concluímos dizendo que as razões das pessoas estarem se matando cada vez mais, além daquelas elencadas pelos estudiosos do comportamento humano, há sem dúvida, a atuação maligna, naquelas pessoas que, excluindo Deus de suas vidas, se permitem dominar-se pelo mal, vindo a concluírem o intento malévolo de por fim a sua vida.
A você que nos escuta nesta oportunidade, sugiro-lhe aceitar o ideal de Cristo que é o ideal da vida e não da morte. Ele disse “...eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.” Amém.

5. A TENDÊNCIA SUICIDA PODE SER CONSIDERADA UMA DOENÇA?

Pesquisadores e especialistas asseguram que o suicídio é considerado um problema de saúde pública, alegando que a tendência suicida pode está relacionado a algum tipo de problema mental, ou a junção de vários deles, como depressão, esquizofrenia, alcoolismo e outros. Este pensamento é firmado no Documentário “Suicídio no Brasil” realizado pelo Grupo de Pesquisa de Prevenção de Suicídio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a VideoSaúde Distribuidora.
 Eu não seria insensato em questionar aquilo que tem sido objeto de estudos e comprovações cientificas, mas ousamos dizer que não se pode generalizar. Além disso, é importante pontuar que o ato suicida em si, em alguns casos, não se constitui uma doença, mas é causado por algumas perturbações. Ou seja, é a consequência de problemas psíquicos; é o resultado de algumas doenças.
Faz-se necessário destacar neste espaço, aquilo que os entendidos no assunto têm afirmado: o comportamento suicida abrande três fases, a saber, 1º a conduta suicida, quando a pessoa, organiza seus pensamentos em torno do ato de tirar a própria vida; falando em se matar, pesquisando sobre o assunto e até planejando como fazer isso. 2º A tentativa de suicídio, que é a intenção de morte sem sucesso, quando a pessoa tenta colocar em prática os pensamentos suicidários organizados na fase anterior, e, 3º o suicídio consumado, que por si só se define.
Analisando estas fases do plano suicida conclui-se que o suicídio é um comportamento e não uma doença, muito embora, problemas psíquicos estejam envolvidos; há, entretanto, uma ação consciente de todo o processo, ainda que em alguns casos, as projeções conscientes negativas são tão intensas para a autodestruição que pervertem a capacidade racional.
Dá pra pontuar no comportamento suicida, quatro ações: 1º uma ação medíocre – achar que a vida não tem sentido; 2º uma ação covarde – desistir da vida pra fugir de seus problemas; 3º uma ação incrédula - não acreditar na superação e, finalmente, 4º uma ação ingrata – achar que não vale apena viver. Em todas estas situações sobressai o comportamento consciente e não meramente doentio. Não quero com isso negar que uma pessoa que tenha, por exemplo, uma conduta suicida, não precise de ajuda médica ou de outro profissional, pois algumas destas pessoas, de fato, têm problemas psíquicos, que se não tratados podem culminar com a consumação do suicídio. Aliás, é bom dizer que mais complicado que ter um pensamento suicida é não saber lidar com esse tipo d pensamento.
Neste particular, considerado que o comportamento autodestrutivo é, um assunto de saúde publica, é importante que todos estejam atentos a quem apresenta gestos suicidas, pois pode está precisando de tratamento seja medicamentoso ou terapêutico. Essa atitude pode salvar alguém, pois se afirma que cerca de 20 % das pessoas que tentam suicidar- repetem a intenção no prazo de um ano. Logo, é fundamental as campanhas e trabalhos de conscientização do profissional de saúde e da sociedade em geral, principalmente onde há indicadores de riscos, pois em alguns países tais posturas têm diminuído o quociente do suicídio.
Mesmo tratando da questão do suicídio vinculado a doença, é bom dizer que para nós cristãos, existem implicações pessoais e espirituais  a se considerarem.  Estou me referindo à responsabilidade humana e as influências malignas, as quais são anuladas  para quem admite que as tendências suicidas sejam doenças.
 No site da Sociedade Portuguesa de Suicidologia está dito: "Pensamentos e atos suicidas podem ser o resultado de tensões e perdas com as quais não se consegue lidar.” Reiteramos que o vazio de Deus, abre caminhos pra todas as sortes de mazelas.  Perdas sucessivas, instalação de crises, acontecimentos traumáticos e frustrantes, são algumas situações que aquele que não deposita sua confiança em Deus, pode enveredar para a auto-aniquilação. O ator inglês George Sanders, a exemplo disso, deixou uma nota antes de se matar que dizia: “Querido mundo, deixo-te por estar aborrecido. Sinto que já vivi o suficiente. Deixo-te com as tuas preocupações idiotas. Boa sorte!” Vejamos que as palavras de Sanders representam o caráter consciente do suicídio cometido por tanta gente.
Findamos dizendo que concordamos sim, que em certos casos, as tendências suicidas estão relacionadas a algum tipo de perturbação psicológica, mas, admitimos a consciência da autodestruição que responsabiliza a pessoa pelo seu ato macabro, o de vulgarizar o dom divino, aderindo a ideia satânica de que é preferível morrer a ter que enfrentar a vida com os seus problemas. Isso não é doença é comportamento corrompido pelo mal.
Que Deus abençoe a cada um de nossos radiouvintes. Eu desafio a você levar uma mensagem de vida, a uma possível pessoa que você conhece que tem uma conduta suicida. Apresente a Vida onde se prolifera a sombra da morte e poderás assim, salvar alguém. Amém.

6. QUAL A POSIÇÃO DO CRISTÃO DIANTE DO SUICÍDIO?

Para esta pergunta vamos nos desprover de quaisquer argumentações científicas e midiáticas, tendo como embasamento a Bíblia Sagrada, pois a posição do Cristão deve ter nela, suas raízes.  
Primeiro vamos elencar os casos de pessoas que, perdendo o encanto pela vida, pediram a morte, e como Deus encarou este posicionamento. Pelo menos três homens de Deus, isso mesmo – homens de Deus – tiveram sentimentos iguais a qualquer pessoa, que desenvolve pensamentos suicidiários. São eles:
   Moisés: “Se assim me tratas, mata-me de uma vez, eu te peço, se tenho achado favor aos teus olhos; e não me deixes ver a minha miséria” (Nm. 11.15)
   Elias: “Ele, porém, foi ao deserto, caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, e disse: Já basta, ó SENHOR; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais.” (1 Reis 19:4)
   Jonas: “Peço-te, pois, ó SENHOR, tira-me a vida, porque melhor me é morrer do que viver.” (Jn 4.3)
Certo é que mesmo que eles tenham demonstrado que haviam desistido de viver, Deus não atendeu seus pedidos, antes lhes mostrou o caminho da superação. Mesmo acometido pelo que os entendidos chamam de “personalidade deprimida”, eles teriam a reprovação divina, caso tentassem tirar suas vidas. Aqui já temos a primeira posição cristã, em face da temática desta semana: Não devemos desistir da vida e buscar alívio na façanha da morte intencional. Deus tem os meios para que possamos superar os nossos desafetos.
Outro fato interessante, que a bíblia trata, dentro desta temática é a questão do suicídio por causa de uma doença crônica. Quando Jó foi acometido por uma enfermidade maligna, sua esposa entendeu que a morte deliberada, naquela situação, seria justificável. Ela o aconselhou dizendo: “Amaldiçoa a Deus, e morre.” (Jó 2.9). Estas palavras sugere um suicídio, que foi refutado pelo patriarca, ao afirmar: “Como fala qualquer doida, falas tu” (v.10). Jó clarifica a convicção que se suicidar pra se livrar de um problema aparentemente insolúvel é um ato insensato. Os insensatos se revoltam contra Deus, culpando-o pelos infortúnios da vida e buscam a morte; Nós, porém, vemos as coisas pela ótica de Jó não aderimos à conduta suicida, antes, enxergamos a soberania de Deus, mesmo quando o mal bate à nossa porta. (v.10).
Agora vamos analisar os casos de suicídios na bíblia. As Escrituras canônicas têm cinco exemplos de pessoas que se suicidaram e outros dois casos estão relatados nos livros apócrifos em nenhum destes casos, se percebe Deus aprovando o suicídio.
Temos o caso de Abimeleque, que pediu pra ser morto, pra não ter a desonra de ter seus dias findos por uma mulher (Jz.9.54); Saul, que pediu para que o escudeiro o matasse, e depois ele mesmo, tirou-lhe a vida (   ); Aitofel, que se matou depois de ter seu conselho desprezado (II Sm. 17.23);  Zinri, que ateou fogo numa casa e morreu queimado como consequências de seus pecados (I Rs 16. 17,18); e Judas, o traidor, que fechou o rol daqueles que tiraram suas vidas, segundo a narrativa bíblica canônica.
Analisando os casos de Abimelque e Saul, vemos dois homens à beira da morte, que na tentativa de aliviar sofrimento, tanto físico como moral apelaram para morte. Aprendemos com estes casos que tanto o suicídio como eutanásia não são justificáveis, sob pretexto de se minimizar a dor.
Aitorfel é o exemplo do suicida desiludido. Uma pessoa que marcada pela vergonha e decepção, por ter seu conceito ferido, acha que a vida não tem mais sentido, e resolve interrompê-la intencionalmente. Equívoco, pois recebemos a capacidade divina de preservar nossa vida  pois somos mordomos e não proprietários dela.
Zinri reflete o caráter de uma pessoa que tenta viver sua vida egoisticamente e como os seus pecados não garantiram sucesso, antes o levam ao vazio existencial, só encontra um meio para tentar aliviar a sua carga, suicidar.
E, finalmente Judas.  O abandono da fé, o remorso que corroía a consciência por ser instrumento do diabo; a certeza do vazio de Deus e as crises que se instalaram por trair o seu Senhor o empurraram com ímpeto, para a autodestruição. Estas são as observações que elencamos dos suicidas bíblicos.
Bem, com tudo que temos visto, deste o primeiro tema, afirmamos que para o cristão o suicídio é um pecado e que nada justifica tirar a própria vida.
Entendemos, também, que há influência diabólica neste comportamento. Que mesmo que um pensamento suicida se desenvolva numa mente fragilizada e psicótica há sim, um ataque de seres espirituais na conduta humana, e que, a pessoa pode, sim, relutar  a tal ataque. a culpabilidade humana não pode ser negada.
Finalmente, afirmamos que, em regra geral, um suicida é um assassino, passivo a punição divina e ao castigo eterno, aliás, o Mestre afirmou: "...qualquer que matar será réu de juízo". (Mt. 5.22) Seja humano ou divino este julgamento, a expressão da culpa é explicitamente confirmada neste texto.
Que o Deus de Paz, o Senhor da Vida venha iluminar a todos os nossos leitores a buscarem o conhecimento das Escrituras. Pois, independente do que dizem os pesquisadores e cientistas, para o Cristão a Bíblia tem a Palavra final. Amém.

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*Sérgio Geremias de Santana, Presbítero da IEAD-PE.
Psicopedagogo Clínico-Institucional

5 comentários:

  1. Se uma pessoa cristã membro da igreja, pensar em tirar sua própria vida ela tem q entregar seu cartão de membro???

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  2. Esta pessoa precisa , buscar ajuda de uma pessoa séria e capacitada, sobretudo temente a Deus; Deve orar pra Deus banir estes pensamentos, e se conseguir vencer este mal pensamento, com certeza terá o perdão divino.

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  3. Muito boa explicação. Ficou claro o que diz as escrituras sobre esse ato horrendo.

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  4. Estava olhando um vídeo antigo quando o prédio incendiado em 1974 ,conhecido como Joelma, deixou várias pessoas mortas , no vídeo várias pessoas se jogavam, muito triste mesmo, com isso me veio a dúvida, sobre quem se joga no ato de desespero é um suicídio, sempre tive essa dúvida, e queria saber realmente a resposta de um homem de Deus, muito bom o texto, Deus continue te concedendo entendimento, e que o Senhor nos livre desses maus momentos, fica na paz do Senhor.

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