quarta-feira, 5 de junho de 2013

A DEGRADAÇÃO DA MÚSICA EVANGÉLICA BRASILEIRA NA ATUALIDADE.








                   1. A MÚSICA EVANGÉLICA E AS TEOLOGIAS PÓS-MODERNAS

Bem, estamos diante de um tema muito pertinente e atualíssimo. De fato, devido o legado capitalista, âmbito secular e da Teologia da Prosperidade e do Triunfalismo no âmbito religioso, a música evangélica está se descaracterizando. Eu diria que esta descaracterização ou degradação tem ocorrido em duas esferas, a saber: Primeiro na estrutura ou estilo musical e segundo no conteúdo da música.
No que diz respeito à estrutura, o estilo da música evangélica atual tem procurado atender as conveniências e apreciação da nova geração, perdendo assim o parâmetro de diferenciação do santo e do profano. E isso analisaremos mais profundamente em outra ocasião.  Neste particular, os fins a que e destinam a música evangélica que deveria ser louvar a Deus e edificar o Corpo de Cristo, tem sido relegados a segundo plano, para se atender as exigências do Mercado Fonográfico. Ou seja, a clientela consumista estabelece como a música deve ser, e então, a adoração a Deus - com raríssimas exceções - é negligenciada ou totalmente esquecida, contrariando o imperativo musical postulado desde os dias do Antigo Testamento: “Louvai ao Senhor”.  Isso deixa claro que a música para Deus se destinaria a Ele mesmo e não ao aos interesses de uma plateia, de um grupo específico de consumidores ou à satisfação de uma geração que busca se auto realizar através da música.
Concernente ao conteúdo musical, tem-se esquecido de que a Música Evangélica deve ser um instrumento de adoração, onde aquele que a ministra projeta-se a louvar a Deus. Por isso Davi quando introduziu os cantores no culto fê-los entender de sua responsabilidade. Em 1 Cro. 25.1 afirma-se: “E Davi, juntamente com os capitães do exército, separou para o ministério os filhos de Asafe, e de Hemã, e de Jedutum, para profetizarem com harpas, com címbalos, e com saltérios...” . A expressão “separou” sugere a ideia de uma santificação para um fim específico. Isso se confirma no salmo 33.1 que diz “... aos retos convém o louvor.”.
A preocupação da música no culto estendia-se, também, a composição. A letra musical imbuía em seu conteúdo ‘a natureza de Deus e os seus feitos’. Analisemos todos os cânticos da Bíblia, desde o cântico de Moisés, em Êxodo 15 até aqueles contidos no Apocalipse, e confirmaremos esta verdade.
Portanto, nos dias atuais a música evangélica tem se desconstruído. As mais cantadas, as mais tocadas e as mais aceitas, em sua maioria são aquelas que contêm vestígios da Teologia da prosperidade, onde conscientemente ou não, incute-se na mente do ouvinte, o desejo por conquistas materiais, de forma que não perpassa pelo caminho da oração, da obediência e da fidelidade a Deus. Também é perceptível o ensino triunfalista, com expressões do tipo “é só vitória”; “é hoje” “sofrimento nunca mais” etc. Como se não bastasse os animadores de plateias com seus discursos positivistas, agora os cantores tem espalhado esta febre, cujos danos são gigantescos. Pois tem gerado uma confusão doutrinária, negando-se a realidade do sofrimento e impedido a visão de que não precisamos declarar uma vida vitoriosa, basta obedecer aos mandamentos divinos, que mesmo em meio ao sofrimento, teremos vitória completa. As bênçãos de Deus nos acompanham “se” estivermos dispostos a obedecer-lhe. Isso diz a Bíblia, isso deveria ser cantado.
Finalizando me reporto diretamente a você, querido ouvinte: é preciso sim, discernir a identidade da música evangélica e ser criteriosamente seletivo, quando tiver que cantar ou ouvir uma destas músicas. Não basta ser agradável aos ouvidos; não basta ter uma mensagem emocionante; Não basta ter perícia instrumental – é preciso, antes de qualquer coisa, ser digna de ser chamada “louvor a Deus” para que a repulsa divina não nos atinja como nos  dias de Amós. Poiso Senhor expressou seu descontentamento afirmando: “Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas violas” (Am. 5.23)
Que Deus continue nos abençoando e que nossas vozes se alcem em louvor do  seu santo e  majestoso Nome. Amém.

 2. MÚSICA SACRA E MÚSICA GOSPEL, TEM DIFERENÇA?


De fato de uns dias para cá quase não ouvimos mais falar em música sacra. A música religiosa evangélica tem sido comumente chamada de Gospel, que do inglês pode ser traduzido por evangélica. Portanto, na essência nem todas as  músicas que chamadas de Gospel são dignas de receber o mérito de música sacra. Isso porque, como falamos ontem, tanto a estrutura como o conteúdo musical tem perdido sua identidade santa, daí o nome dessacralização.
A Música Gospel é um gênero que surgiu nos Estados Unidos no século passado e que influenciou, inclusive, diversos outros estilos populares. Consiste na junção das canções dos escravos negros entoadas com palmas e acompanhamento rítmico com elementos da religião protestante.
Aqui no Brasil o termo Gospel não se restringia à música propriamente dita, mas a um movimento musical revolucionário que ganhou repercussão no final da década de 1980, onde foram explorados vários estilos musicais que até então não eram acentuados no âmbito evangélico. Daí o termo gospel foi aplicado à música evangélica definitivamente.
Com a ascendência do Movimento gospel, a música religiosa passou a perder sua identidade singular, se identificando cada vez mais com a música secular, como já pontuamos.
Já de Música Sacra pode-se dizer que é aquela que é, em essência, santa, ou seja, separada para ser cantada na Igreja, e ser dirigida a Deus em forma de louvor. 
Há alguns elementos que definem santidade da música: Analisemos:
1.  A elevação do Nome , dos feitos e dos atributos de Deus. 
Esta era quase uma obrigação na composição musical, basta verificar os cânticos da bíblia pra concluir isso. Vejamos alguns textos:
   Cantai-lhe, cantai-lhe salmos; falai de todas as suas maravilhas. (Sl;105.2)
   E Miriã lhes respondia: Cantai ao SENHOR, porque gloriosamente triunfou; e lançou no mar o cavalo com o seu cavaleiro.  (Êx. 15.22)
   Cantai louvores ao SENHOR, que habita em Sião; anunciai entre os povos os seus feitos (Sl.9.11)
   Louvai ao SENHOR, porque o SENHOR é bom; cantai louvores ao seu nome, porque é agradável. (Sl 135.3)

2.  O impulso a uma vida devota a Deus mediante a pessoa de Cristo e intervenção do Espírito Santo.
Alguns hinos de nossa Harpa Cristã fundamentam essa verdade
   O 145: a minha alma te ama o senhor...
   O 147: Quero eu servi-te o meu Rei Jesus...
   O 187: mas perto quero está, meu Deus de ti
3.  A Difusão da mensagem evangelística e doutrinária como revelada nas Escrituras. (Este tema abordaremos possivelmente amanhã) Paulo disse:
   E para que os gentios glorifiquem a Deus pela sua misericórdia, como está escrito: Portanto eu te louvarei entre os gentios, E cantarei ao teu nome. (Rm. 15.9)
4.  Expressar gratidão a Deus pelos seus favores. Louvar a Deus é também expressar gratidão pelas suas maravilhas. O salmo 69.30 diz:
   Louvarei o nome de Deus com um cântico, e engrandecê-lo-ei com ação de graças.
5.  Não buscar semelhanças com as características da música profana e/ou secular.
Foi exatamente isso que ocorreu com o movimento Gospel a parti de 1989: alguns  Grupos musicais,  Igrejas neopentecostais e gravadoras investiram em estilos e letras que rompessem a barreira do santo e do profano.
6.  Não ensejar nenhum sentimento humano senão o de buscar está mais próximo de Deus.
A música sacra não move o homem para instintos e desejos dissociados de sua vida espiritual, mesmo que o mova para coisas na esfera física, mas que se coadune com o Deus provedor.
7.  Motivar o indivíduo a uma vida mais reverente, grata e entregue a Deus.
Reiteramos que qualquer sentimento que venha a brotar no homem através de uma música sacra deve-o levar ao encontro de Deus.
   Cantarei ao SENHOR enquanto eu viver; cantarei louvores ao meu Deus, enquanto eu tiver existência. (Sl. 104.33)
   Preparado está o meu coração, ó Deus, preparado está o meu coração; cantarei, e darei louvores. (Sl  57.7)
E importante ressaltarmos, portanto, que as músicas evangélicas em sua grande maioria, na atualidade, nada têm a ver com música sacra. São músicas que além de apresentarem vestígios das teologias pós-modernas, como vimos ontem, enaltecem o homem e o prazer material além de afrontar a doutrina bíblica como observaremos amanhã. Elas Podem ser chamadas de músicas gospel, não músicas sacras. Estas dizem respeito a hinos a Deus, aquelas, porém, a canções evangélicas, que muitas vezes tendem a agradar mais a criatura que o criador.
A luz da Bíblia Sagradas, nos dias de Davi, os hinos que seriam direcionados a Deus deveria ser produzidos com profunda maestria ou perícia musical. Por isso o grupo de louvor que entoava o canto a Deus no Templo, estava sobre os cuidados de três maestros ou cantores-mores, a saber, Asafe, Hemã e Jedutum (Cf. 1 Cr 25.1). A Bíblia diz que Hemã era “o vidente do rei nas palavras de Deus”, (2 Cr. 25.5), infere-se desta afirmação que os maestros que recebiam a incumbência de gerenciar a música sacra, eram pessoas que também a colocava no crivo da palavra de Deus.
 Além disso, não era qualquer um que fazia parte da execução da música para Deus, apenas os levitas eram selecionados e orientados, previamente, pelos peritos. Pois todas as diretrizes para o canto partiam de Davi - o principal dentre os compositores -  e eram administradas pelos três peritos.
O resultado disso, é plausivelmente observado em  2 Crônicas 5:12-14, que diz:
E os levitas, que eram cantores, todos eles, de Asafe, de Hemã, de Jedutum, de seus filhos e de seus irmãos, vestidos de linho fino, com címbalos, com saltérios e com harpas, estavam em pé para o oriente do altar; e com eles até cento e vinte sacerdotes, que tocavam as trombetas.
E aconteceu que, quando eles uniformemente tocavam as trombetas, e cantavam, para fazerem ouvir uma só voz, bendizendo e louvando ao SENHOR; e levantando eles a voz com trombetas, címbalos, e outros instrumentos musicais, e louvando ao SENHOR, dizendo: Porque ele é bom, porque a sua benignidade dura para sempre, então a casa se encheu de uma nuvem, a saber, a casa do SENHOR;
E os sacerdotes não podiam permanecer em pé, para ministrar, por causa da nuvem; porque a glória do SENHOR encheu a casa de Deus.
Nota-se que a música sacra tem um objetivo final: atrair a glória de Deus, pois ele é adorado pelos nossos cânticos. Nada mais deve ensejar os objetivos de uma música na Igreja.
Finalmente, afirmamos que música sacra e música gospel, diferem em muito. Tanto em seu conteúdo quanto nos fins a que elas se destinam. Eu poderia citar diversas músicas  ditas evangélicas que tratam de diálogo com mortos e  até com o diabo; que encaminham o homem ao erotismo ou a projeção material egoísta; que expressam um espírito vingativo e desabafos; que estimulam contém ambiguidade e  confundem a mente incauta;  enfim, e muitas que agridem os fundamentos doutrinários como no reportaremos noutra ocasião.
Logo, diga-se que nem toda música gospel é sacra e nem toda música sacra é gospel. Por isso devem-se analisar, cautelosamente, o teor de uma música mesmo que esta seja chamada de evangélica ou que sejam cantadas por pessoas bem aceitas em nosso meio.
Que o Deus de paz nos ajude a compreender a sua vontade e que nossas canções sejam de fato músicas sacras.
3.  A MÚSICA EVANGÉLICA E A DIFUSÃO DAS DOUTRINAS CENTRAIS DA FÉ CRISTÃ



Sabe-se que a música cristã tem uma importância muito grande, seja na Igreja, seja na vida devocional. Além de ser uma forma de louvar a Deus, outra coisa que é relevante é a divulgação das doutrinas centrais da fé cristã por meio delas. Se analisarmos o Cântico de Zacarias, registrado em Lc 1.68-79, por exemplo, vislumbramos um recheio de fundamentação doutrinária. Vejamos então:
Bendito o Senhor Deus de Israel, Porque visitou e remiu o seu povo,
E nos levantou uma salvação poderosa Na casa de Davi seu servo.
Como falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio do mundo;
Para nos livrar dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam;
Para manifestar misericórdia a nossos pais, E lembrar-se da sua santa aliança,
E do juramento que jurou a Abraão nosso pai,
De conceder-nos que, Libertados da mão de nossos inimigos, o serviríamos sem temor,
Em santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida.
E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, Porque hás de ir ante a face do Senhor, a preparar os seus caminhos;
Para dar ao seu povo conhecimento da salvação, Na remissão dos seus pecados;
Pelas entranhas da misericórdia do nosso Deus, Com que o oriente do alto nos visitou;
Para iluminar aos que estão assentados em trevas e na sombra da morte; A fim de dirigir os nossos pés pelo caminho da paz.
Observe como em um único cântico, encontramos expressas: a doutrina da salvação, do pecado, da remissão, do senhorio de Deus, da veracidade das profecias, da criação, da libertação, dos atributos divinos, das alianças de Deus e outras mais. A verdadeira música evangélica deve seguir este modelo: a letra de uma um hino, além conter relatos bíblicos e descrição das maravilhas de Deus em forma de poesia, devem divulgar as doutrinas centrais de nossa fé.  Pois é isso que sugerem os cânticos que encontramos na Bíblia sagrada.
Porém, como esta semana estamos tratando da degradação da música evangélica, é importante que se diga que, as músicas cristãs, entoadas na atualidade além de pobreza doutrinária, há outra coisa ainda mais grave em questão: as heresias,  as distorções  e equívocos doutrinários.
Eis algumas expressões equivocadas que são divulgadas em algumas destas músicas, que lamentavelmente são cantadas até nos púlpitos de nossas igrejas:
   “pega o homem sem Deus e derrama unção” (Impossível! A unção de Deus é reservada aos salvos, nunca ao homem sem Deus)
   “um anjo serei”: (Equívoco: Não seremos anjos na eternidade, seremos semelhantes a eles em alguns aspectos)
   “eu quero uma nova unção”: (Essa é uma das doutrinas neopentecostais, porém, não existe uma nova unção. A Bíblia fala de renovação, mas isso não significa uma nova unção.)
   O anjo vai descer aqui pra te abençoar” (Não, não é função angelical abençoar o crente, mesmo sendo eles agntes de Deus a serviço dos salvos. Isto é influência do movimento angelical americano e do culto aos anjos.)
   “Determine a bênção”: (Junto com a expressão decrete, constituem-se os mais apreciados jargões dos defensores da confissão positiva. Não compete a nenhum mortal o ato de decretar, principalmente a bênção, pois esta é consequência da obediência a Deus, e no âmbito espiritual elas só são liberadas através de Cristo. Se não segue estes viés em  vão será ao homem decretar.)
   “Os Sonhos de Deus”: (Hoje é moda esta expressão. Muitas músicas evangélicas, diga-se de passagem, bonitas, falam dos sonhos de Deus, como algo que não pode ser frustrado. Na verdade é mais uma expressão neopentecostal, pois Deus não sonha, Deus tem planos, ele determina as coisas de forma lógica e proposital. Em nenhum lugar da bíblia há menção aos sonhos de Deus.
Bem poderíamos citar muitas outras expressões que contém equívocos doutrinários, mas estas dão pra termos uma ideia da degradação que nossas músicas têm sofrido. Isso sem falar de composições que simulam conversa com morto (deixando margem para o espiritismo) de expressões que perpassam atitudes de vinganças, ferindo o ideal da conduta cristã e aquelas. Ainda que se vale de uma linguagem antropocêntrica contidas, onde a autossatisfação do homem está acima da devoção do homem ao Deus que merece ser adorado.
Neste caso é imprescindível ao crente, identificar os equívocos doutrinários das músicas evangélicas e rejeitá-las, pois mais importante que a beleza da musicalidade é a genuinidade  que elas possam apresentar, e por genuinidade musical, no âmbito cristão, pode-se resumir em seu conteúdo ser sacro e seus fins sejam o de louvar a Deus.

4. MÚSICA EVANGÉLICA ROMÂNTICA – TEM FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICA?

Uma das consequências do movimento gospel no Brasil foi à proliferação de músicas evangélicas românticas. Até então existiam raríssimas. Com a popularização da música sertaneja, cantada por duplas, enaltecendo o romantismo, alguns cantores gospel, viram aí um campo fértil para expressarem o sentimento amoroso através da música, no âmbito evangélico. Bandas e grupos foram surgindo e cada vez mais os cantores perceberam a exigência do público e incluíram em seu repertório, músicas deste gênero. Foi tão fenomenal a aceitação que em 1994 a MK Music resolveu lançar a primeira coletânea gospel para os casais apaixonados, intitulada coleção Amo Você, a qual já possui 18 volumes.
O Estilo romântico no segmento evangélico tem dividido opiniões. Se por um lado pessoas conservadoras com uma visão tradicional se posicionam contrárias, entendendo que este tipo de música, busca satisfazer o coração humano, estimulando até mesmo a sensualidade, por outro lado, pessoas com uma visão mais adaptativa, tem se apreciado do romantismo evangélico e introduzem estas canções, em casamentos e eventos onde o a amor conjugal ou entre os namorados é exaltado. Outras pessoas, ainda mantem-se neutras por se sentirem inseguras quanto ao juízo de valores.
Considerando tal relato, instiga-nos perguntar: E aí, tem fundamentação bíblica para músicas cristãs gospel ou essa ideia é um inventário humano? É certo cantar músicas que exaltam o sentimento amoroso? Que observações devem ser pontuadas para que este gênero musical possa ser aceito?
Nossa afirmação pode ser a principio, chocante para alguns, mas há sim, fundamentos bíblicos para músicas cristãs românticas. O livro de Cantares de Salomão chancela esta verdade. Este livro é um grupo de poemas nupciais que tratam do amor de um homem por uma mulher; é a expressão mais bela de um coração enamorado exaltando a veracidade do amor conjugal. Há nesta coletânea de poemas, a exaltação à pureza e a essência sagrada do amor dentro do casamento. Isso em forma de canção.
Outro texto bíblico que consiste em um cântico de casamentos é o Salmo 45.1-17. O texto pode ser aplicado a Cristo, mas diz respeito a um hino nupcial, cantado ou aplicado nas núpcias na cultura judaica.
Portanto, há uma coisa que é preciso pontuar: Comparando o teor de muitas músicas românticas cantadas no meio evangélico com os cânticos nupciais da bíblia, descobrimos uma diferença abismal. Se estes buscam enobrecer o amor com os ideais divinos estabelecidos para a vida conjugal, aquelas, por sua vez, exaltam o sentimento humano egocêntrico. Muitas canções românticas ditas evangélicas esboçam um sentimento insano e desmedido, endeusando a pessoa amada, expondo um ideário de expressões com duplo sentidos que parecem satisfazer mais os instintos que elevar  pureza do amor. Tais canções, mesmo ditas cristãs, devem ser reprovadas e em nada pode se comparar com o que a bíblia fala sobre o assunto.
                Finalizando, digo-lhes caros ouvintes, não basta apenas concordar ou discordar com a música romântica evangélica, é preciso colocá-la no crivo da palavra de Deus e da ética cristã, pois com este aferidor de medidas, poderemos entender se esta ou aquela música é digna de ser cantada e ouvida pelo povo de Deus – pois se não louva ao Seu Nome ou não exalta aquilo que Ele em sua palavra já o exaltou, melhor é que seja evitada.         

5.  A MÚSICA EVANGÉLICA COMO PRODUTO DE CONSUMO

Atualmente o público evangélico parece um campo promissor para o comércio. O consumismo entre os crentes ganha proporção exorbitante, e neste contexto, a chamada música gospel desponta como um produto em alta. É incrível como alguns cantores seculares, vítimas de um mercado competitivo e saturado, tendem a migrar para as igrejas cristãs, para aproveitarem o potencial do consumo da música evangélica. Usam o poder de marketing de seus nomes e de suas carreiras e adaptam suas músicas a essa realidade. Esse fato esconde duas façanhas: primeiro é a má qualidade da música, que quase sempre está relacionada à essência secular imbuída numa roupagem mística que a maioria dos cristãos não tem idoneidade para identificar, e, segundo trata-se da índole do cantor: se a pessoa não tiver nascida de Deus, tudo que faça pode induzir ao erro, pois tais pessoas buscam a promoção pessoal e seus ideais limitam-se, em caráter prioritário, ao lucro.
Não podemos negar que a música evangélica, como arte, é um bem de consumo, e, por conseguinte, os cantores e os compositores evangélicos não pecam em negociarem seus produtos. Mas pesa neste aspecto a importância que dá a música, pois dominado pelo apelo comercial, os objetivos são invertidos. Ou seja, a criatura é priorizada em detrimento do Criador; aquele que projeta a música (compondo ou cantando) pode ser aclamado como um artista e um profissional ao invés de um adorador e, finalmente a música, é vista apenas como um bem de consumo, tendendo a preencher os requisitos de seus consumidores.
O cliente, com raras exceções, pouco se importa se a música é genuinamente evangélica ou não. Basta agrada-lhe aos ouvidos; Basta satisfazer seu ego e suas aspirações; basta ser produzida ou cantada pelo seu artista preferido. Talvez essa seja a razão principal da degradação da música evangélica em nosso País. Se por um lado compositores e cantores se ajustam as tendências do mercado fonográfico, por outro lado, o público evangélico se toda cada vez menos seletivo, no que diz respeito à qualidade e a pureza da música cristã. Se a chamada liberdade de expressão e falta de talento estragou o a riqueza cultural  e a intelectualidade da música, na esfera secular, o interesse comercial, infelizmente, prejudicou a evolução da música evangélica no Brasil.
Este comercialismo exacerbado é tão sério que púlpitos tem se tornado palcos e cultos em espetáculos de apresentações e shows. Pois estes movimentos atraem multidões e estas multidões representam grandes cifras em dinheiro. Tudo é feito em nome de Deus e da fé, mas que na verdade é a certeza de que a música evangélica tornou-se um produto para o sucesso dos negócios tanto da Indústria como do Mercado fonográfico.
Então, como os cantores evangélicos devem proceder para apresentar suas músicas como bem de consumo e ao mesmo tempo agradar a Deus? 
A resposta é simples: Primeiro deve-se ter consciência de que a genuína música evangélica constitui-se num veículo de adoração a Deus, de edificação à Igreja e de evangelização aos perdidos, assim sendo, quaisquer fins que não sejam esses, devem descredenciar a genuinidade da música. Segundo, deve-se haver uma preocupação com a qualidade musical, tanto na técnica quanto na sua execução. Pois a bíblia fala sobre isso em Sl. 33.3;  I Cr. 25 7; II Cr 5.13,14 etc. Estas duas observações garantem que o cantor evangélico apresente suas músicas como produto de consumo sem com isso descentra-la de seu objetivo principal que é louvar a Deus.

6.   EXCESSO DE MÚSICAS NO CULTO, UMA BÊNÇÃO OU UM PROBLEMA?


Não precisamos nos esforçar muito para nos certificar de que a música é de grande importância na dinâmica do culto. Os Louvores congregacionais; os momentos de adoração musical por meio de uma equipe de louvor; a projeção de conjuntos instrumentais e cantores, tudo isso enobrece, sem dúvida alguma, o momento que tiramos para a adoração. Portanto, o problema se concentra no exagero que se faz em face do tempo da programação musical. Existem Igrejas que tem um momento de louvor tão excessivo, que não existe mais tempo para a pregação. Reservam-se os últimos momentos do culto, onde o pregador muitas vezes, é obrigado a ajustar a sua mensagem a um tempo tão resumido que ficaria impossível transmitir com fluência o que se pretendia falar. Neste particular, o que poderia ser uma bênção, desponta como um problema a ser corrigido.

Analisando este tema à luz da bíblia, podemos ver que a boa música e a organização de músicos consagrados são consideradas desde os dias de Davi. Foi o mavioso salmista de Israel quem introduziu a música no culto, servido de legado para as gerações futuras, inclusive para nós. Davi tinha um grupo musical com milhares de participantes, mais de duzentos peritos musicais e ainda três cantores-mores, conforme nos revelam os livros de Crônicas.  Isso mostra que a música era apresentada a Deus, com muita dedicação, entretanto, com certos critérios. E tal era o valor dado ao louvor musical, que os hebreus tinham o seu hinário para louvores cultuais e para cerimonias específicas, que é o Tehilim, ou seja, o livro dos Salmos.

A liturgia do culto no novo testamento não era muito diferente. Havia critérios ordeiros para os elementos cultuais. Paulo afirma aos irmãos de Corinto:  Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação. (I Co 14.26). Subtende-se da última expressão deste texto que o exercício dos elementos do culto, inclusive o canto, deve seguir parâmetros.

Quando analisamos a música no contexto do Antigo e do Novo Testamento concluímos duas coisas: primeiro que a música tem seu espaço prestigiado no culto, e, segundo, que o momento musical deve ter comedimento, ou seja, não deve suprimir nenhum outro elemento litúrgico, especialmente o momento da ministração da Palavra de Deus.

Note bem que não estou depreciando a música no culto, mas condenando o mau uso dela, ou excesso de programações musicais, que só tende a distorcer os princípios da adoração a Deus.

Isso é tão sério em nossos dias, que já contornou a conduta de muitas pessoas. Por exemplo, se em determinada Igreja houver uma festividade com presença de diversos cantores; com a apresentação de muitos grupos musicais, analise como se comportam e com se expressam  a maioria dos crentes: com vibração e entusiasmo! Mas, analise as mesmas pessoas diante da exposição da Palavra de Deus! (não estou aqui generalizando) usei a expressão “determinadas igrejas”. Pois é, são apáticas e às vezes desinteressadas. Por isso há uma geração que vem aí que deve nos preocupar: são pessoas que confundem shows com adoração; gritos de euforia com alegria espiritual e espetáculo com culto.

Que haja cânticos nos nossos cultos! É bíblico. Que os crentes aprendam a chegarem cedo à Igreja para o momento do louvor congregacional, pois muitos irmãos não participam mais deste ato; Que se tenha uma boa equipe de louvor para ministrar o canto em momentos de adoração; Que cantem nossos conjuntos musicais, verdadeiros louvores a Deus; Que haja cantores consagrados que atraiam a glória de Deus para o recinto com suas melodias, mas, é preciso atentar para que o exagero da programação musical, não distorça a liturgia de nossa igreja comprometendo assim, a exposição da mensagem bíblica, como se tem constatado em muitas igrejas atualmente. Aliás, esta tem sido já de muito tempo a orientação do nosso pastor presidente Ailton José Alves, que se cumpra, então! E que a música no culto não venha se tornar, o culto à musica como alguém um dia já disse.

Esperamos que estes comentários sobre a degradação da música evangélica brasileira na atualidade venha servir, de alguma maneira, para nosso melhoramento diante de um assunto que é tão comum  e importante para o povo de Deus. Amém.


Pb. Sérgio Geremias




    

Um comentário: