quinta-feira, 21 de junho de 2012

QUANTOS CÉUS EXISTEM?


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Por Sérgio Geremias*

Que existe um lugar santo, maravilhoso e eterno, como morada dos salvos, não há dúvida nenhuma para aqueles que acreditam nas Escrituras Sagradas. O Céu é uma realidade! Jesus e os apóstolos nos certificaram disso, em mais de 170 versículos do Novo Testamento (Cf. Lc. 10.20; Mt. 26.29; Jo 14.1-3; 2 Co 5.1; Fp. 3.20; 1 Pe 1.4 etc).  O problema para alguns é entender QUANTOS CÉUS existem.
Alguns povos da antiguidade, incluindo os próprios judeus acreditavam em SETE CÉUS, e, muitos nos dias de hoje mantêm esta crença ou a de que existem no mínimo quatro céus. Isto se dá com base numa interpretação desprovida da exegese bíblica, de alguns textos da como Dt. 10.14, que diz: “Eis que os céus e os céus dos céus são do SENHOR teu Deus, a terra e tudo o que nela há” (grifo nosso). Subtende-se, assim, que existam pelo menos quatro céus: OS CÉUS (pelo menos dois) e OS CÉUS DOS CÉUS (pelo menos mais dois).
No Antigo testamento a palavra hebraica shãmayim, está no plural e foi  traduzida para português tanto para CÉU como para CÉUS. Então, muitas vezes o termo “CÉUS” se refere a apenas um céu, embora às vezes se traduza por mais de um. Veja o exemplo:
·         “Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles.” (Sl 2.4)
·         “O SENHOR olha desde os céus e está vendo a todos os filhos dos homens” (Sl 33.13, grifo nosso)
·         “Mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou.” (Sl 15.3, grifo nosso).
Conclui-se que a palavra shamayim (céus) nos textos supracitados refere-se ao céu morada de Deus, muito embora esteja no plural. Em outros momentos, por exemplo, se traduz a mesma expressão no singular como em Neemias 9. 6 que diz: “Só tu és SENHOR; tu fizeste o céu, o céu dos céus e todo o seu exército...” (grifo nosso) Note que enquanto Dt 10.14 a expressão aparece “ Os céus e os  céus dos céus”(plural), em Ne 9.6 aparece “ o céu e céus dos céus”.(singular) Nada muda na interpretação, porque a palavra hebraica é a mesma para singular e plural.
No Novo Testamento é diferente, o substantivo CÉU pode aparecer em grego, no singular e no plural: uranos (céu) e uranois (céus). Mesmo assim, o plural é usado para indicar o céu como lugar de Deus. Veja:
·         “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” (Mt. 5.16).
·         “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.” (Mt. 6.9).
·         “Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre veem a face de meu Pai que está nos céus.” (Mt. 18.10)
Sabemos que a expressão “céus” se refere à morada de Deus e ao local de nossa habitação eterna ( Cf. Fp. 3.20; 2 Co 5.1), mas outras vezes a mesma referência é feita usando o termo no singular. Veja os exemplos com grifo nosso:
·         “Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus.” (At. 16.19);
·         “Folgai nesse dia, exultai; porque eis que é grande o vosso galardão no céu, pois assim faziam os seus pais aos profetas.” (Lc. 6.23)
·         “E depois disto olhei, e eis que o templo do tabernáculo do testemunho se abriu no céu” (Ap. 15.5)
·         “E vós, senhores, fazei o mesmo para com eles, deixando as ameaças, sabendo também que o Senhor deles e vosso está no céu, e que para com ele não há acepção de pessoas.” (Ef.6.9).
·         “E por isso também gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu.” (2 Co5.2)
Conclui-se, portanto que nem os textos no Antigo Testamento nem os do Novo estão dizendo que existam pelo menos QUATRO CÉUS ou dão fundamentos para SETE CÉUS, é apenas uma questão que se resolve nos viés da hermenêutica bíblica, uma vez que tanto o singular como o plural indica a morada de Deus e habitação dos crentes, ora chamada “céu” e ora, “céus”.
Mas afinal quantos céus existem? Vamos partir, agora, de outro texto bíblico. Leiamos 2 Co. 12.2-4: “Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar.”  (grifo nosso)
Este texto serve de fundamento para a interpretação que parece ser mais aceita no meio teológico pentecostal, a de que existem três céus. A forma disposta na narrativa paulina deixa claro ter ele chegado ao céu mais importante: primeiro, ele falou que lá está o paraíso, e, segundo, que lá ouviu palavras  inefáveis. Se o que ele ouviu foi por parte da divindade ou dos anjos, não há dúvida se tratar do Céu dos Céus, tão falado nos escritos veterostetamentários.
Considerando verdadeira a teoria ou interpretação teológica de TRÊS CÉUS, podemos dispor na seguinte organização:
PRIMEIRO CÉU: (Uranos) – É o Céu Inferior, onde voam os pássaros e se projetam as nuvens e as chuvas (Cf. Gn 2.20; 7.11; 8.2; Jz 5.4; Sl 18.11; Jr 10.13; Mt 6.26 etc.)
SEGUNDO CÉU: (Mesuranos) – É o Céu Intermediário. Nele estão os planetas, os cometas, os meteoros, as galáxias e todo o sistema solar, e é às vezes chamado de firmamento e/ou expansão dos céus (Gn. 1.14,15; Dt. 1.10; Mc. 13.25 etc.). Este é o céu onde o Diabo transformou em sede de sua habitação, depois da queda, chamado de lugares celestiais em Efésios 6.10.
TERCEIRO CÉU: (Epuranos) – Este é o Céu Superior, chamado, como já mostramos, de Céu dos Céus. É a morada de Deus (Sl 11.4; Is 63.15; 66.1; Lm 3.50; Ap. 3.12 etc), onde se encontra o trono da Majestade (Hb. 8.1); é onde residem os anjos (Mc 12.25; Mt.24.31,36); onde está o paraíso e as almas dos salvos (2 Co 12.4; Ap.2.7; Ap. 6.9) e é neste Céu que está a Cidade de Nova Jerusalém. Ela não é o Céu, está nos Céus. (Fp. 3.20; Ap.21.1,2, 10; 3.12)
O primeiro e o segundo céu foram afetados pelo pecado e por isso serão destruídos. Diz a Bíblia: “Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios. [...] Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão. Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade, Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?” (2 Pe. 3.7,10-12). Pedro ainda diz que “os céus passarão com grande estrondo” (2 Pe 2.10), confirmando  o que Jesus dissera: “O céu e a terra passarão...” (Mt 24.35). O terceiro Céu, portanto, ficará intacto, pois o pecado não maculou a sublimidade da habitação do Altíssimo, de onde se manifesta Sua glória e Sua santidade eternamente (Sl 113.4; Is 63.15).
Com a destruição dos Céus um novo céu será criado. (cp. Is 34.4 e 66.22) Ou seja, o primeiro e o segundo céu serão transformados num céu redimido do pecado. O Apóstolo Pedro nos diz: “Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.” (2 Pe 3.13 , grifo nosso). Aliás, no Antigo testamento temos esta promessa de Deus, quando diz por intermédio de Isaias: “Porque, eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá mais lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão.” (Is 65.17, grifo nosso). João teve o privilégio de antever a renovação dos céus, quando diz: “E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu (ou céus) e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.” (Ap. 21.1).
O Novo Céu será, portanto, o espaço redimido que aguardará Jerusalém, a Cidade dos remidos. O próprio João nos diz que viu “a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido.” (Ap. 21.2, grifo nosso, cf. v.10; 3.12). Sim, Jerusalém descerá do terceiro céu e se instalará no novo céu, então, na eternidade, os salvos terão acesso ao Céu dos Céus, a Nova Jerusalém que estará no Novo Céu e à Nova Terra – uma nova criação numa era nova, onde habitará a justiça, a paz , a santidade e  a harmonia cósmica  por toda a eternidade.  (cf. Ef. 1.10; Cl 1.20) Glória a Deus!


GRÁFICO ILUSTRATIVOS DOS TRÊS CÉUS.




Céu Superior 
(3º)
(Epouranos)


          Deus
Anjos
Nova Jerusalém
Paraíso


  
Céu Intermediário (2º)
(Mesouranos)

           Sistema Solar
           Estrelas, Galáxias, etc
           Sede da Habitação Satânica




Céu Inferior
(1º)
(Ouranos)

           Pássaros
          Nuvens
           Chuvas, T rovões etc.






E




































*   Sérgio Geremias:
MINISTRO DO EVANGELHO da Assembleia de Deus em Pernambuco
Bel.Teologia