O TEMPO DOS GENTIOS:
JERUSALÉM SOB O DOMÍNIO PAGÃO -
TEXTO BASE: Lucas 21:20-24; Romanos 11:18-26
INTRODUÇÃO
Prevendo a destruição da Cidade Santa,
fato que viria a acontecer poucos anos depois de Sua morte, Jesus profetizou
que Jerusalém seria pisada pelos gentios, até que o tempo deles se completasse.
Mais tarde, o apóstolo Paulo afirmou que o “endurecimento” dos judeus
prevaleceria até que se desse a plenitude
dos gentios.
Afinal, o que é o “Tempo dos Gentios”? A que se refere a “Plenitude dos Gentios”? As
palavras de Jesus e de Paulo se referem à mesma coisa? Quando começa e quando
termina o Tempo dos Gentios? Que
importância tem esses temas para o estudo da Escatologia Bíblica? As respostas
a estas perguntas ocuparão o escopo deste Estudo.
È importante dizer que há muitas
explicações e especulações sobre este assunto, portanto, visto que somos
dispensacionalistas, abordaremos este tema sob esta perspectiva.
1. DEFINIÇÃO E PARTICULARIDADES DO
TEMPO DOS GENTIOS
1.1
Definições: Muitas discussões têm se
travado para explicar o “Tempo dos
Gentios” e diversas linhas teológicas têm pluralizado o seu significado.
Analisaremos as duas principais interpretações no meio teológico.
a) A primeira,
àquela que assegura que o termo se refere ao
domínio das potencias gentílicas sobre Israel, ou seja, o período em que a
Cidade Santa estaria nas mãos de nações pagãs. Alguns acreditam que esse
período se encerrou em 1948, com a
fundação do Estado de Israel; outros afirmam que findou em 1967, depois da Guerra dos Seis Dias, quando Jerusalém passou a
ser administrada por Israel; e outros ainda, pensam que esse tempo só se
completará na Última Semana Profética, quando se dará a investida final à
Cidade Santa pelo Anticristo e pelas nações confederadas no Armagedon, quando
Jerusalém será libertada, definitivamente, dos domínios gentílicos.
b) A segunda
interpretação é aquela que afirma que o “Tempo
dos Gentios” se refere à Era da Igreja, o período de tempo entre a 69ª e 70ª Semanas e que se encerrará quando Jesus arrebatar a sua Igreja.
Parece prudente dizer que uma interpretação não é diferente da outra, mas que
se completam. A Era da Igreja está dentro do Tempo dos Gentios e faz parte
dele. Pois, Deus em Seu amor, revelou a Sua graça aqueles que não eram da
linhagem física de Abraão, mas, que estava em Seu querer abençoar nele “todas as famílias da terra” [Gn.12.3]
1.2
O Tempo dos Gentios Sob Duas Perspectivas: Com base nas
narrativas de Jesus e Paulo e as abordagens supracitadas, podemos analisar o
Tempo dos Gentios sob duas perspectivas: política
e religiosa.
a)
A
Perspectiva Política: O Tempo dos Gentios, do ponto de vista político,
define-se como o tempo em que “Jerusalém
seria pisada pelos gentios” [Lc. 21:24], ou seja, o tempo da supremacia das
nações sobre Israel e a Cidade Santa, somando as duas diásporas [586 a.C. e 70 d.C.]; as diversas conquistas históricas, incluindo o Califado
Ortodoxo, as Cruzadas, o Domínio Otomano etc., culminando com a
grande investida do Anticristo e das nações no final da Grande Tribulação. [Ap.
16:12,16 ].
b)
A
Perspectiva Religiosa: Dentro do Tempo
dos Gentios, está o espaço de tempo entre a 69ª e 70ª Semanas
Proféticas, um intervalo que já passa de dois mil anos, que como já vimos,
refere-se ao tempo que Deus concedeu aos gentios a oportunidade à bênção da salvação,
na ocasião em que Israel rejeitou o Messias. É esse tempo que o apóstolo Paulo
chama de “Plenitude dos Gentios”, ou
a Supremacia da Igreja, majoritariamente formada por gentios, haja vista,
Israel ter rejeitado o Messias. [cf. Rm. 11:11,12].
1.3
A Revelação Profética do Tempo dos Gentios: Maioria dos
estudiosos da Escatologia concorda de que o Tempo
dos Gentios está associado aos quatro últimos Impérios Mundiais, a saber: O babilônico,
o medo-persa, o grego e o romano. Estes
quatro impérios são apresentados no livro de Daniel na estranha estátua, do
sonho de Nabucodonosor que tinha cabeça de ouro, peito e braços de prata,
ventre e coxas de bronze, pernas de ferro e pés de ferro misturado com barro
[2:31-45] e nas quatro bestas do sonho de Daniel, a saber, um Leão com duas asas de águia; um Urso violento, tendo três costelas na
boca; um Leopardo com quatro asas e
quatro e cabeças e um Animal indecifrável, forte e espantoso, tendo dentes de
ferro, dez chifres e mais um chifre pequeno que nascia entre os outros.
[7:1-8]. Finalmente, de forma resumida,
dois destes Impérios reaparecem na visão que Daniel teve: um carneiro de dois
chifres desproporcionais e um bode com um grande chifre na testa, os quais
travavam um confronto mortal [8:1-10]. Os sonhos e a visão profética descrevem
um resumo dos governantes mundiais gentílicos que viriam a “pisar a cidade de Jerusalém”.
2. OS QUATRO IMPÉRIOS MUNDIAIS
RELACONADOS AO TEMPO DOS GENTIOS
2.1
O Império Babilônico [606-536 a.C.]: A Babilônia foi a
primeira Nação a “pisar” a Cidade do
Grande Rei. O reino do norte já tinha caído nas mãos dos assírios e, as
profecias apontavam para a queda de reino do Sul, quando Jerusalém
experimentaria o mesmo que Samaria em 722 a.C. [Cf. 2 Rs. 17:22,23]. Embora
Deus tivesse usado os profetas para que a tragédia fosse evitada, o povo
prosseguiu em sua rebeldia, virando às costas a Deus - o exílio foi inevitável. [Jr. 25:4-11]. As tropas caldeias, sob o
domínio de Nabucodonosor, invadiram, saquearam e destruíram a cidade e o templo
entre 606 e 587 a.C. Nesse tempo Jerusalém
ficou desolada e completamente destruída. [Lm. 1:1,3,4].
a).
A Cabeça de Ouro da Estátua [Dn. 2:32]: Ao narrar os detalhes e interpretar o
sonho do rei Daniel acrescentou: “... Tu,
ó rei, és rei de
reis, pois o Deus dos céus te tem dado o reino, e o poder, e a força, e a
majestade [...] tu és a cabeça de ouro. [Dn. 2:37,38]. A Babilônia como cabeça de ouro representa a
grandeza e a glória que fora o Império em relação aos outros [Jr.51:4; cp. Dn.
2:39]. Nabucodonosor é chamado de “rei de
reis”, para se referir ao seu domínio mundial, bem como ao sua posição
inicial sobre aqueles que abrangeriam o
“Tempo dos Gentios”. Jesus, porém, é chamado de “Rei dos Reis”, [Ap. 19:16] porque tem proeminência e supremacia
sobre todos os governantes do Mundo [Ap. 11:15].
b).
O Leão de Duas Asas [Dn. 7:4]: No Sonho de Daniel, o império babilônico, agora representado por
Belssazar, corregente de Nabonido, foi visto como um Leão com duas asas. O
leão, o animal majestoso e carnívoro, é símbolo da ilustre Babilônia, “a destruidora das nações” [Jr. 4:7]. As
asas apontam para a rapidez e voracidade de suas conquistas. O leão alado está
presente entre as obras de arte da antiga Babilônia. Uma demonstração de
bravura, imponência e força, marcas da majestosa cidade, a maior potência do
Oriente Médio Antigo. [Cp. Dn. 4:20-22,30].
c)
Ouro, Leão e Águia: Além de
ser representada pela “cabeça”, parte
mais importante do corpo humano, a Babilônia, também, está simbolizado pelo ouro, o principal dos metais, pelo leão e pela água, que na fauna representam o rei dos animais e a rainha das
aves. Os símbolos descrevem as glórias e opulências que determinaram o império
babilônico, apesar de que a profecia aponta também, sua humilhação e o fracasso
ao prevê que o leão teve as asas arrancadas. [Dn. 7:4], fato que se deu em 536
a.C. como disse Daniel a Belssazar. [5:25-31]. Babilônia caiu, mas se ressurge
e reaparece como uma expressão e forma de vida oposta a Deus como se ver em
Apocalipse.
2.2
O Império Medo-Persa [536-331 a.C.]: O segundo Império relacionado ao Tempo dos
Gentios é o medo-persa, e é assim chamado porque a Média e a Pérsia se juntaram
para formar um só reino. A interpretação
de Daniel à aparição da escrita na parede do baquete de Belssazar, determinara
que a Babilônia cairia diante dos medos e persas [Cf. Dn 5:28]. Este governo
teve uma relação amistosa com os judeus [Ed 6:14]: Ciro, o Grande, o primeiro monarca persa [Dn. 1:21]
foi chamado por Deus de “meu ungido”,
150 anos antes de nascer [Is. 45:1-7]; constituiu Dario I, rei interino da
Babilônia, [Dn. 9:1] quando esta nação foi derrotada, enquanto ele continuava
suas conquistas para depois assumir definitivamente [Dn. 6:28; Ed. 5:13] ; foi ele quem deu ordem para os judeus
reedificarem o Templo [Ed. 1:1;5:13]; Dario
I, o medo, rei interino da Babilônia [Dn. 5:31;6:28], o qual tinha
grande admiração por Daniel, um de seus oficiais [Dn. 6]; Assuero, ou Xerxes I,
filho de Dario, casou-se com Ester [Et. 1:1;2:17] e, Artaxerxes Longímano, filho de
Assuero, de quem Neemias era copeiro foi
quem deu a ordem para reedificar Jerusalém, iniciando a contagem das semanas
proféticas [Ne. 2]. Jerusalém foi
reedificada, retomou a posição de centro do culto judaico, mas, ainda, em mãos
dos persas.
a)
O Peito e os Braços de Prata
[Dn.
2:32]: Na estátua profética, o
império medo-persa está simbolizado no peito e braços de prata, metal ínfero ao
ouro, pois apesar de vasto e poderoso, este reino seria inferior ao babilônico
como predisse Daniel [2:39]. Os
peitos unidos ao tórax representam a união dos dois reinos em um só império; os
braços, por sua vez, são apontados como Ciro,
o persa [Dn. 6:28] e Dario, o medo [Dn.
5:31].
b)
O Urso Faminto [Dn. 7:5]: Dos quatro animais simbólicos, o Império medo-persa está
representado pelo Urso. No sonho, Daniel
via que o animal “se levantava de um
lado” [7:5]. Isso mostra que apesar do reino ter sido formado pela Média e
pela Pérsia, a última teria se destacado, sendo mais forte. Outro detalhe era
as três costelas entre os dentes do urso, que simbolizavam a conquista da Babilônia, do Egito e da Líbia, as
três primeiras potências vencidas; elas fizeram uma coligação, mas, não
resistiram o poder dos medos e dos persas e foram conquistadas pelos poderosos
exércitos rivais - “os dentes” do
urso esfomeado.
c)
O Carneiro Violento [Dn. 8:3,4,20]: O império
medo-persa reaparece numa visão de Daniel numa briga acirrada entre um Carneiro
e um Bode. Os vv. 2,3 mostram alguns destaques do Carneiro: 1. “tinha
dois chifres”: são correspondentes aos “dois
braços da estátua”, símbolos dos dois reinos, a Média e a Pérsia. 2. Os “dois chifres eram grandes”, porém, “um maior que o outro”, sendo que “o maior subiu por último”: a profecia mostra que os dois reinos
eram ilustres, porém um deles se destacaria. Isso fala de Ciro, que apesar de
ter subido ao trono por último, conseguiu se engrandecer se tronando mais
poderoso que Dario. 3. O carneiro “dava cabeçadas para o ocidente, e
para o norte e para o sul”: as três direções são os mesmos
símbolos das três costelas da boca do Urso: Babilônia,
Lídia e Egito, embora ele tenha vencido as outras nações, confirmando a
profecia: “nenhum dos animais lhe podia
resistir; nem havia quem pudesse livrar-se da sua mão”. [8:4, NVI]. A história só viria a mudar
com a chegada do bode do Oriente, símbolo da Grécia de Alexandre.
2.3
O Império Grego [331-146 a.C.]: O terceiro domínio do
Tempo dos Gentios foi o Grego. A queda do império medo-persa começou quando
Dario III resolveu enfrentar os invasores de Alexandre em duas grandes
batalhas: a de Grânico em
334. a.C. e a de Isso em 333
a.C. Dario propôs um acordo de paz. Mas
foi recusado. E, apesar do rei persa está em maior número, foi derrotado.
Assim, as satrapias do império medo-persa foram caindo uma por uma diante de
Alexandre que derrotou, definitivamente, o grandioso exército de Dario na batalha de Gaugameia em 331.
Assim como o fim do império babilônico, Daniel também previu o declínio e
fracasso do Império medo-persa e a ascensão da Grécia [Dn. 11:1-3]. Os judeus
foram tratados com brandura e benevolência por Alexandre, pois o monarca, em
sua marcha para conquistar Jerusalém, foi recebido por uma multidão vestida de
branco, incluindo o sumo-sacerdote e outros levitas, o que fez Alexandre se
lembrar de um sonho onde Deus aparecia, fazendo promessas de triunfo em suas
batalhas. Porém, após a morte de Alexandre, os governantes gregos, trataram
Jerusalém com desprezo e o templo foi profanado.
a)
O Ventre de Bronze: [Dn. 2:32]. O Império grego está
representado na estátua no ventre e coxas
de bronze [cobre]. Daniel previu que “em seguida surgirá um terceiro reino, reino de bronze, que governará sobre
toda a terra”. [2:39 NVI], como de fato foi um reino sem fronteiras,
próspero e sem crises econômica.
b) O Leopardo de Quatro Cabeças e Quatro Asas [Dn.
7:6]. Entre os animais simbólicos, o Império grego, tendo como primeiro
Imperador, Alexandre, o Grande, está simbolizado no Leopardo. Este a animal é
notável pela rapidez e agilidade de seus movimentos o que torna redundante o
fato de ter quatro asas, que além do
significado de insígnia militar, são símbolos da rapidez das conquistas, pois
em apenas em 12 anos, Alexandre conquistou o mundo e chorou por não ter mais
reinos para serem conquistados. Apesar de tamanha notoriedade, o rei macedônio
não conseguiu realizar o seu sonho dourado: transformar
todas as nações do mundo em apenas uma, a Alexandrilândia, uma nação sem
guerra, sem fronteiras e sem forasteiros, pois todos seriam gregos. Quanto às quatro cabeças, simbolizam as quatro
realezas fundadas pelos seus quatro principais generais, após sua morte, a
saber: Egito [Ptolomeu]; Síria [Selêuco]; Lisímaco [Macedônia] e Ásia
Menor [Cassandro]. Alexandre morreu sem preparar um sucessor para o seu
trono, pois interesses políticos, sem uma ideologia unificada fez-se cumprir a
profecia de que o seu reino seria dividido em quatro pessoas que não eram de
sua posteridade [cf. 11:4].
c) O Bode Peludo [8:5-12,21,22]: O Império grego reaparece no
capítulo 8, na figura de um Bode. O
próprio anjo explicou a Daniel que “o
bode peludo é o rei da Grécia...” [v. 22].
Alguns destaques são importantes frisar: 1. “um bode vinha
do ocidente [oeste]...” [v.5]. uma
referência à Grécia. 2. “sem
tocar no chão”: [v.5]. Refere-se
à agilidade das tropas de Alexandre, que eram conhecidas como “exércitos-relâmpagos” e suas táticas
de guerras, ultramodernas. 3. “Esse bode tinha um chifre bem visível entre os olhos” [v.5,
NAA].
O chifre notável é referência
“ao primeiro rei” [cf. v.29] e ao “rei valente” [11:2], ou seja, Alexandre Magno, considerado o maior
conquistador da Antiguidade. 4.
“Foi na direção do carneiro que tinha
os dois chifres...” [v.6]. Representa
as três investidas contra Dario III,
que culminou com sua derrota definitiva, na batalha de Gaugamela, em 21 de
setembro de 331 a.C. O v.7 descreve a
supremacia de Alexandre sobre Dario III, quando está dito que o bode quebra os
dois chifres do carneiro, símbolo do destronamento dos medos e dos persas. 5.
“O bode se engrandeceu cada vez
mais...” [v.8, NAA]. Traduz
as muitas conquistas de Alexandre, que em doze anos tinha promovido o reino
mais extenso do planeta, até então. 6.
“Porém, quando estava no auge do seu
poder, o seu grande chifre foi quebrado...” [v.8]. O “porém” inicia o sentido inverso do Império
grego. O grande chifre quebrado, não fala do final do reino, mas, da morte de
Alexandre. Após terminar suas conquistas o monarca se entregou aos vícios e “no auge de seu poder”, morreu vítima da
“febre do pântano”, depois de um
prolongado banquete no palácio em Babilônia, em 323 a.C., segundo a versão mais
aceita. 7. “... em seu lugar saíram quatro chifres
bem visíveis...” [v.8]. Os quatro chifres que subiram no lugar do
chifre visível, correspondem as “quatro
asas” e “quatro cabeças” do
leopardo [7:6] e aos “quatro ventos”
de 11:4. Ambos simbolizam as quatro facções do império, poucos meses depois da
morte de Alexandre, como já vimos acima. Em 11:6-20, a profecia aponta os
conflitos entre a dinastia dos selêucidas, a Síria e a dos Ptolomeus, o Egito,
chamados de reis do Norte e reis do Sul. 8.
“... de um deles [dos quatro chifres]
saiu um chifre muito pequeno...”. [v.9]. Finalmente, a profecia fala de um “chifre muito pequeno”, que prefigura um
rei dos selêucidas, a saber, Antíloco Epifânio. A narrativa de Dn. 8:9-12
mostra quão cruel teria sido este monarca, o qual tendo como alvo principal a
“terra formosa” [8:9; cp. 11:16] e, em sua atrocidade se levantou contra o
próprio Deus, mudando as leis sagradas, profanando o sábado e, entre outras
coisas sacrificando porcos no Santo Templo. Ele prefigura o Anticristo futuro.
2.3
O Império Romano: [146 a.C. – 476/1.453 d.C.]. Historicamente
falando, Roma foi o último dos Impérios Mundiais. Aos poucos, utilizando
guerras ultramarinas foi ocupando seu espaço.
Em 212 a.C. enfrentou e derrotou o exército macedônio e, finalmente, em
168 a.C. consegue a vitória total. Neste ano Roma se estabelece como potência
mundial. No momento o sistema de governo ainda era o republicano, regido pelo
Senado, que veio a se tornar imperialista, quando o Senado proclamou Otávio, o
primeiro Imperador, que recebeu o titulo de Augusto, em 27 d.C., No ano de 284
d.C., sob o domínio de Diocleciano, que renunciou o título de príncipe e adotou
o de domini [dominato, monarquia absoluta], o Império foi dividido em dois: O Império Romano do Ocidente, com a
capital em Roma que caiu em 476 e, o Império
Romano de Oriente, tendo Bizâncio como capital. Este último, conhecido como
Império Bizantino, perdurou até 1453 quando Constantinopla caiu. Os governantes
romanos que levaram Roma ao apogeu tinha o título de César; foram 12 Césares, encabeçado por Julius,
o pai do primeiro Imperador. Quando Jesus nasceu, o imperador era Augusto [Lc.
2:1] e quem reinava na Judeia e em toda a Palestina era Herodes, o Grande, homem violento e sanguinário, pois foi ele quem
mandou matar os meninos em Mateus 2:16. Ele Morreu pouco tempo depois e, antes
dividiu o governo entre seus filhos: Herodes
Arquelau [4 a.C. a 6 d.C.], o mais velho ficou com a Judeia e
governou pouco tempo [Mt.2:22]; Herodes
Antipas [4 a.C. a 39 d.C.] ficou
com a Galileia e Pereia e Herodes
Filipe [4 a.C. a 34 d.C.] ficou
com os territórios do Nordeste [Cp. Lc. 3:1,19]. Antipas foi o responsável pela
prisão e morte de João Batista, por criticar seu casamento com Herodias, mulher
de Felipe, seu meio irmão [Mc 6:14-28] e pelo julgamento de Jesus [Lc. 23:11]
Outros Herodes, da Bíblia são: Agripa
I [41 d.C. a 44 d.C.], neto
de Herodes, o Grande. Foi constituído rei de toda Palestina, pelo Imperador
Gaio, assim como era seu avô [At. 12:1,2]. Foi este quem matou Tiago ao fio de
Espada [At. 12: ]; e, finalmente, Agripa
II [50 d.C. a 70 d.C.], aquele a quem Paulo se apresentou [At. 26:28].
Foi o Império Romano quem crucificou Jesus, destruiu o templo e promoveu as
grandes perseguições da Igreja primitiva.
a)
As Pernas de Ferro:
O
Império Romano está representado nas pernas de ferro da estátua profética. Elas
são a parte mais extensa do corpo,
que traduz a longevidade do quarto Império; As duas pernas simbolizam a dupla divisão do Império: A direita, o lado Ocidental, com sede em Roma [Itália] e a
esquerda, o lado Oriental, com sede
em Constantinopla [ou Bizâncio/Grécia]. - Quanto ao metal, ou seja, o ferro,
disse Daniel: “o quarto reino será forte
como ferro...” [2:40]. Roma, como uma potência férrea, subjugou o mundo
inteiro e transformou os povos vencidos em escravos, dos quais era o número
deles, duas vezes mais que pessoas livres. O ferro, também, aponta para suas atrocidades, vistas nos sangrentos
combates dos escravos, prisioneiros e gladiadores no Coliseu que chegavam a
morrer mais de 20 mil por mês, isso sem falar das chacinas e massacres
realizados em todo Império.
b)
O Animal Espantoso e Feroz: [Dn.
7:7]. No sonho de Daniel, Roma é a representação
do mostro aterrorizante. O anjo disse que ele seria o quarto reino [v. 23]. O
animal era Terrível e Espantoso, características
que definem muito bem os vícios tirânicos, a tirania e a insanidade dos
governantes romanos. Ex: Tibério
castigava as pessoas arrancando os órgãos sexuais; Calígula cometia incesto com as irmãs e promovia atrativos
sádicos envolvendo mulheres casadas e moças livres; Cláudio mandou matar 300 rapazes que suspeitava ser amantes
de sua esposa matando em seguida a própria;
Nero, o mais paranoico, assassinou a esposa grávida com um pontapé,
a mãe, o e outros membros da família. Foi grande perseguidor dos cristãos; Caracala esfaqueou o próprio pai
e exilou a esposa e depois mandou executá-la; Gaio obrigava os pais assistirem os filhos serem decapitados
e cortava a língua de acusados; Domiciano,
conhecido como “o sanguinário”, matou
o irmão e o primo e foi autor de vários atos violentos e conspirações. Foi ele
o responsável pelo exílio de João na Ilha de Patmos. Observa-se que o animal
simbólico “era muito forte e tinha os
dentes de ferro” cujo paralelismo se ajusta às pernas da estátua, com as
observações já mencionadas. O animal tinha
dez chifres e um chifre pequeno
que surgia entre eles, cujo significado veremos no tópico 3.
c)
Os Pés em Parte de Ferro e em Parte de Barro: Ainda
que os pés da estátua contenham elementos escatológicos, maioria dos estudiosos
dispensacionalistas concorda que “os pés
de ferro com barro” simbolizam aspectos do império romano, que apesar de
ter se dividido e caído, ainda espalha os seus vestígios ao longo da
história. A natureza dos pés da estátua
foi interpretado por Daniel, como uma firmeza dúbia e uma união instável [cp.
2:41-43], o que teria sido as alianças e os casamentos políticos versus a Revolução Francesa e as guerras
napoleônicas etc. A institucionalização do
papado, o surgimento do Renascentismo,
a ascensão da Rússia como a Terceira Roma,
o Comunismo Ateu, a criação do Mercado Comum Europeu, entre outros
marcos e fatos históricos, como o Nazismo de Hitler, responsável pelo
Holocausto na década de 1940 descrevem expressões históricas da influência e
domínio dos gentios sobre os judeus até 1948. A partir de então, os conflitos
ganha um tom mais religioso que político, como os conflitos entre mulçumanos e
judeus travados, visivelmente, a partir da segunda guerra mundial. São resquícios dos pés de ferro e barro da
estátua.
3. O ÚLTIMO GOVERNANTE DO TEMPO DOS
GENTIOS
3.1
O Anticristo - O Último Governante Humano: Mesmo que os
quatro Impérios Mundiais tenham caído, o Tempo dos Gentios ainda não foi
encerrado. Nos sonhos proféticos de
Nabucodonosor e Daniel, os governos históricos estão interligados ao domínio do
Anticristo, pois, embora as pernas e pés da estátua e o animal espantoso se
refiram ao império romano, é evidente, que alguns elementos e expressões do
quarto império sejam aplicados a um governo futurístico [cf. Dn. 2:44]. Vejamos
esse simbolismo.
a)
A Prefiguração do Anticristo: Daniel afirma que entre
os dez chifres do animal espantoso, subia um chifre pequeno, e acrescenta: “neste
chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava grandes coisas.”
[v.8]. Esse chifre simboliza o Anticristo. A profecia paralela descrita por
João, diz que a besta que subiu do mar tinha uma boca que proferia blasfêmia.
[Ap. 13:5,6]. Subtende-se que o Anticristo além de possuir uma eloquência
invejável, também reivindicará para si as glórias e as prerrogativas de Deus.
Não devemos confundir o “chifre pequeno”
de Daniel 7:7 com o “chifre muito pequeno”
descrito em 8:8,9 Este é histórico, refere-se à Antíoco Epifânio. É “o rei feroz de semblante” [Dn. 8:26] que procurou acabar com o
culto e o povo de Deus, como já analisamos. Aquele, por sua vez, é escatológico e surgira após o
arrebatamento da Igreja [2 Ts. 2:7,8].
b)
O Ferro e o Barro no Contexto
Escatológico: Assim como os pés é a última parte do
corpo, eles representam o final dos governos humanos. Para alguns teólogos, o ferro é símbolo do sistema totalitário
e o barro, da democracia, dois
sistemas diferentes que nos últimos dias conviverão num novo sistema político, cuja proposta de harmonização será fingida,
pois, assim como o ferro não se mistura com o barro, a unidade política não
será garantia de estabilidade universal. Haverá um Sistema Único, mas,
divergente.
3.2
As Nações Confederadas com o Anticristo: Os dez dedos da
Estátua simbolizam dez reinos, nações ou
integrações politicas que formarão uma colisão à disposição dos intentos do
Anticristo em acabar com o Povo Santo. Essa Confederação Política é prefigurada
nos dez chifres do animal espantoso
[7:7] e nos dez chifres da besta que
subiu do mar, vista por João em Patmos [Ap. 13:1]. Por algum motivo, não
explícito nas profecias, três destes reinos abandonarão ou serão excluídos do
projeto macabro Iníquo [cf. Dn. 7:8]. Há uma possibilidade de essa aglomeração
ser montada antes da ascensão do Anticristo, a profecia diz que só após a
subida do chifre pequeno, três dos primeiros foram arrancados. É importante pontuar que o número “dez” é
considerado pelos rabinos como o “numero
completo ou total”, o que sugere o número
da plenitude ordinal e da vida secular desenvolvida. Sob esta visão, os “dez dedos” pode se referir a um número
simbólico, associado ao desenvolvimento político completo da Nova Ordem
Mundial, liderada pelo Anticristo e, não necessariamente, dez reinos.
3.3
A Última Investida Contra Jerusalém e o Fim do Tempo dos Gentios: O
Tempo dos Gentios só se completará
quando Jerusalém se libertar, total e definitivamente, das mãos gentílicas.
Isso ocorrerá por ocasião da Grande Tribulação, quando o Anticristo e as nações
incrédulas se arregimentarem para por fim à Nação Santa. Esse Evento é
conhecido na Escatologia como a Batalha
do Armagedon [cf. Zc. 14:1-4]. Veremos mais profundamente no Estudo sobre a
Vinda de Jesus em Glória.
a)
A Efêmera Vitória do Anticristo e de
seus aliados: A profecia bíblica aponta que o
Anticristo terá um governo próspero, porém passageiro. Diz-se do Cavaleiro do
cavalo branco, figura do governante escatológico que “foi-lhe dada uma coroa, e saiu vitorioso, e para vencer.”
[Ap.6:2]. Pois, o mesmo receberá poder pra fazer guerra contra Israel e contra
todas as nações que não se alinharem ao seu sistema de governo [Ap.13:7]. Em
Daniel 8:24,25, embora o contexto profético se refira a Antíoco Epifânio, uma
análise cuidadosa nos faz entender que, também, aplica-se ao triunfo momentâneo
do Anticristo. A profecia mostra que seu
êxito terá tempo determinado, a saber, quarenta
e dois meses [v.5]. Até que o juízo divino se estabeleça sobre ele e a sua
confederação e o poder lhes seja tirado [Dn. 7:26].
b)
Destruição da Estátua: O Fim dos Governos Humanos: Intrigantemente,
o rei Nabucodonosor viu em seu sonho uma pedra lançada – sem que visse quem a
lançou – veio em direção à estátua, ferindo-a nos pés e destruindo-a
completamente [Dn. 2:34]. Isso é corroborado na expressão de Daniel “mas sem mãos será quebrado” [cf. 8:25].
A interpretação da “pedra cortada sem
mãos” foi clara: “Mas, nos dias
desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído...”
[v.44]. A queda dos governos humanos foi vista por João na visão da volta
de Cristo em glória, para destruir o Anticristo e os reis da terra, em sua
última batalha contra Jerusalém no Armagedon [Ap. 19: 19-21]. Veremos mais
detalhes no Estudo sobre a Grande Tribulação.
c)
A Instalação de um Governo Sempiterno:
Quando
a pedra destruiu a estátua, o rei viu que ela “se tornou grande monte, e encheu toda a terra” [Dn. 2:34]. Daniel
interpretou que isso se tratava do reino que nunca será destruído e de cujas
ações abarcariam toda a Terra [cf. vv. 44,45] Isso marcará o início do Reino
Pacífico do Messias, o qual reinará com os seus santos [Dn. 7: 14,27]. Veremos
os detalhes no Estudo sobre o Milênio. Nesse tempo, Jerusalém sacudira o pó da
opressão, levantar-se-á e brilhará o fulgor divino [Is 60:1], assumirá a sua
posição de capital política e religiosa do mundo [Is. 2:3; Mq. 4:2] e nunca
mais ela será chamada desamparada [Is 62:4,5]. Cumpre-se a profecia do Metre: “Jerusalém será pisada pelos gentios até que
o tempo dos gentios se complete”. [Lc. 21:24]. Agora ela será “a coroa de glória na mão do Senhor” [Is.
62:3] e motivo de louvor de toda a Terra. [v.7]. Amém. Veremos mais detalhes no
Estudo do Milênio.
CONCLUSÃO
A Supremacia gentílica sobre Jerusalém representa o
poder do governo dos homens que um dia se dobrará ante o domínio eterno de
Deus, através de Cristo. Nota-se que a
Estátua do sonho do rei foi analisada de forma decrescente: cada vez menos valiosa; os animais
proféticos, no entanto, de forma crescente: cada
vez mais violentos. Tais características atestam a deterioração da
civilização e governos humanos ao longo dos séculos, ao contrário do Reino de
Deus que cresce em poder, em estatura e em glória - começa com uma pedra e
depois se torna um lajedo que enche toda a terra (Dn 2.35,36). O reino, o
poder e a glória e pertencem a Deus [Mt.
6: 13].
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