1. A MÚSICA EVANGÉLICA
E AS TEOLOGIAS PÓS-MODERNAS
Bem, estamos diante de um tema muito
pertinente e atualíssimo. De fato, devido o legado capitalista, âmbito secular
e da Teologia da Prosperidade e do Triunfalismo no âmbito religioso, a música
evangélica está se descaracterizando. Eu diria que esta descaracterização ou
degradação tem ocorrido em duas esferas, a saber: Primeiro na estrutura ou
estilo musical e segundo no conteúdo da música.
No que diz respeito à estrutura, o
estilo da música evangélica atual tem procurado atender as conveniências e
apreciação da nova geração, perdendo assim o parâmetro de diferenciação do
santo e do profano. E isso analisaremos mais profundamente em outra
ocasião. Neste particular, os fins a que
e destinam a música evangélica que deveria ser louvar a Deus e edificar o Corpo
de Cristo, tem sido relegados a segundo plano, para se atender as exigências do
Mercado Fonográfico. Ou seja, a clientela consumista estabelece como a música
deve ser, e então, a adoração a Deus - com raríssimas exceções - é
negligenciada ou totalmente esquecida, contrariando o imperativo musical postulado
desde os dias do Antigo Testamento: “Louvai ao Senhor”. Isso deixa claro que a música para Deus se
destinaria a Ele mesmo e não ao aos interesses de uma plateia, de um grupo
específico de consumidores ou à satisfação de uma geração que busca se auto
realizar através da música.
Concernente ao conteúdo musical,
tem-se esquecido de que a Música Evangélica deve ser um instrumento de
adoração, onde aquele que a ministra projeta-se a louvar a Deus. Por isso Davi
quando introduziu os cantores no culto fê-los entender de sua responsabilidade.
Em 1 Cro. 25.1 afirma-se: “E Davi, juntamente com os capitães do exército,
separou para o ministério os filhos de Asafe, e de Hemã, e de Jedutum, para
profetizarem com harpas, com címbalos, e com saltérios...” . A expressão
“separou” sugere a ideia de uma santificação para um fim específico. Isso se
confirma no salmo 33.1 que diz “... aos retos convém o louvor.”.
A preocupação da música no culto
estendia-se, também, a composição. A letra musical imbuía em seu conteúdo ‘a
natureza de Deus e os seus feitos’. Analisemos todos os cânticos da Bíblia,
desde o cântico de Moisés, em Êxodo 15 até aqueles contidos no Apocalipse, e
confirmaremos esta verdade.
Portanto, nos dias atuais a música
evangélica tem se desconstruído. As mais cantadas, as mais tocadas e as mais
aceitas, em sua maioria são aquelas que contêm vestígios da Teologia da
prosperidade, onde conscientemente ou não, incute-se na mente do ouvinte, o
desejo por conquistas materiais, de forma que não perpassa pelo caminho da
oração, da obediência e da fidelidade a Deus. Também é perceptível o ensino
triunfalista, com expressões do tipo “é só vitória”; “é hoje” “sofrimento nunca
mais” etc. Como se não bastasse os animadores de plateias com seus discursos
positivistas, agora os cantores tem espalhado esta febre, cujos danos são
gigantescos. Pois tem gerado uma confusão doutrinária, negando-se a realidade
do sofrimento e impedido a visão de que não precisamos declarar uma vida
vitoriosa, basta obedecer aos mandamentos divinos, que mesmo em meio ao
sofrimento, teremos vitória completa. As bênçãos de Deus nos acompanham “se”
estivermos dispostos a obedecer-lhe. Isso diz a Bíblia, isso deveria ser
cantado.
Finalizando me reporto diretamente a
você, querido ouvinte: é preciso sim, discernir a identidade da música
evangélica e ser criteriosamente seletivo, quando tiver que cantar ou ouvir uma
destas músicas. Não basta ser agradável aos ouvidos; não basta ter uma mensagem
emocionante; Não basta ter perícia instrumental – é preciso, antes de qualquer
coisa, ser digna de ser chamada “louvor a Deus” para que a repulsa divina não
nos atinja como nos dias de Amós. Poiso
Senhor expressou seu descontentamento afirmando: “Afasta de mim o estrépito dos
teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas violas” (Am. 5.23)
Que Deus continue nos abençoando e
que nossas vozes se alcem em louvor do
seu santo e majestoso Nome. Amém.
2. MÚSICA SACRA E MÚSICA GOSPEL, TEM DIFERENÇA?
2. MÚSICA SACRA E MÚSICA GOSPEL, TEM DIFERENÇA?
De fato de uns dias para cá quase não
ouvimos mais falar em música sacra. A música religiosa evangélica tem sido
comumente chamada de Gospel, que do inglês pode ser traduzido por evangélica.
Portanto, na essência nem todas as
músicas que chamadas de Gospel são dignas de receber o mérito de música
sacra. Isso porque, como falamos ontem, tanto a estrutura como o conteúdo
musical tem perdido sua identidade santa, daí o nome dessacralização.
A Música Gospel é um gênero que
surgiu nos Estados Unidos no século passado e que influenciou, inclusive,
diversos outros estilos populares. Consiste na junção das canções dos escravos
negros entoadas com palmas e acompanhamento rítmico com elementos da religião
protestante.
Aqui no Brasil o termo Gospel não se
restringia à música propriamente dita, mas a um movimento musical
revolucionário que ganhou repercussão no final da década de 1980, onde foram
explorados vários estilos musicais que até então não eram acentuados no âmbito
evangélico. Daí o termo gospel foi aplicado à música evangélica
definitivamente.
Com a ascendência do Movimento
gospel, a música religiosa passou a perder sua identidade singular, se
identificando cada vez mais com a música secular, como já pontuamos.
Já de Música Sacra pode-se dizer que
é aquela que é, em essência, santa, ou seja, separada para ser cantada na
Igreja, e ser dirigida a Deus em forma de louvor.
Há alguns elementos que definem santidade
da música: Analisemos:
1. A elevação do Nome , dos feitos
e dos atributos de Deus.
Esta era quase uma obrigação na
composição musical, basta verificar os cânticos da bíblia pra concluir isso.
Vejamos alguns textos:
• Cantai-lhe, cantai-lhe salmos; falai de todas
as suas maravilhas. (Sl;105.2)
• E Miriã lhes respondia: Cantai
ao SENHOR, porque gloriosamente triunfou; e lançou no mar o cavalo com o seu
cavaleiro. (Êx. 15.22)
• Cantai louvores ao SENHOR, que
habita em Sião; anunciai entre os povos os seus feitos (Sl.9.11)
• Louvai ao SENHOR, porque o SENHOR é bom;
cantai louvores ao seu nome, porque é agradável. (Sl 135.3)
2. O impulso a uma vida devota a
Deus mediante a pessoa de Cristo e intervenção do Espírito Santo.
Alguns hinos de nossa Harpa Cristã
fundamentam essa verdade
• O 145: a minha alma te ama o
senhor...
• O 147: Quero eu servi-te o meu
Rei Jesus...
• O 187: mas perto quero está, meu
Deus de ti
3. A Difusão da mensagem
evangelística e doutrinária como revelada nas Escrituras. (Este tema abordaremos possivelmente
amanhã) Paulo disse:
• E para que os gentios
glorifiquem a Deus pela sua misericórdia, como está escrito: Portanto eu te
louvarei entre os gentios, E cantarei ao teu nome. (Rm. 15.9)
4. Expressar gratidão a Deus pelos
seus favores. Louvar a Deus é também expressar gratidão pelas suas maravilhas. O salmo 69.30 diz:
• Louvarei o nome de Deus com um
cântico, e engrandecê-lo-ei com ação de graças.
5. Não buscar semelhanças com as
características da música profana e/ou secular.
Foi exatamente isso que ocorreu com o
movimento Gospel a parti de 1989: alguns
Grupos musicais, Igrejas neopentecostais
e gravadoras investiram em estilos e letras que rompessem a barreira do santo e
do profano.
6. Não ensejar nenhum sentimento
humano senão o de buscar está mais próximo de Deus.
A música sacra não move o homem para
instintos e desejos dissociados de sua vida espiritual, mesmo que o mova para
coisas na esfera física, mas que se coadune com o Deus provedor.
7. Motivar o indivíduo a uma vida
mais reverente, grata e entregue a Deus.
Reiteramos que qualquer sentimento
que venha a brotar no homem através de uma música sacra deve-o levar ao
encontro de Deus.
• Cantarei ao SENHOR enquanto eu
viver; cantarei louvores ao meu Deus, enquanto eu tiver existência. (Sl. 104.33)
• Preparado está o meu coração, ó
Deus, preparado está o meu coração; cantarei, e darei louvores. (Sl
57.7)
E importante ressaltarmos, portanto,
que as músicas evangélicas em sua grande maioria, na atualidade, nada têm a ver
com música sacra. São músicas que além de apresentarem vestígios das teologias
pós-modernas, como vimos ontem, enaltecem o homem e o prazer material além de
afrontar a doutrina bíblica como observaremos amanhã. Elas Podem ser chamadas
de músicas gospel, não músicas sacras. Estas dizem respeito a hinos a Deus,
aquelas, porém, a canções evangélicas, que muitas vezes tendem a agradar mais a
criatura que o criador.
A luz da Bíblia Sagradas, nos dias de
Davi, os hinos que seriam direcionados a Deus deveria ser produzidos com
profunda maestria ou perícia musical. Por isso o grupo de louvor que entoava o
canto a Deus no Templo, estava sobre os cuidados de três maestros ou
cantores-mores, a saber, Asafe, Hemã e Jedutum (Cf. 1 Cr 25.1). A Bíblia diz
que Hemã era “o vidente do rei nas palavras de Deus”, (2 Cr. 25.5), infere-se
desta afirmação que os maestros que recebiam a incumbência de gerenciar a
música sacra, eram pessoas que também a colocava no crivo da palavra de Deus.
Além disso, não era qualquer um que fazia
parte da execução da música para Deus, apenas os levitas eram selecionados e
orientados, previamente, pelos peritos. Pois todas as diretrizes para o canto
partiam de Davi - o principal dentre os compositores - e eram administradas pelos três peritos.
O resultado disso, é plausivelmente
observado em 2 Crônicas 5:12-14, que
diz:
E os levitas, que eram cantores, todos eles, de Asafe, de Hemã, de
Jedutum, de seus filhos e de seus irmãos, vestidos de linho fino, com címbalos,
com saltérios e com harpas, estavam em pé para o oriente do altar; e com eles
até cento e vinte sacerdotes, que tocavam as trombetas.
E aconteceu que, quando eles
uniformemente tocavam as trombetas, e cantavam, para fazerem ouvir uma só voz,
bendizendo e louvando ao SENHOR; e levantando eles a voz com trombetas,
címbalos, e outros instrumentos musicais, e louvando ao SENHOR, dizendo: Porque
ele é bom, porque a sua benignidade dura para sempre, então a casa se encheu de
uma nuvem, a saber, a casa do SENHOR;
E os sacerdotes não podiam permanecer
em pé, para ministrar, por causa da nuvem; porque a glória do SENHOR encheu a
casa de Deus.
Nota-se que a música sacra tem um
objetivo final: atrair a glória de Deus, pois ele é adorado pelos nossos
cânticos. Nada mais deve ensejar os objetivos de uma música na Igreja.
Finalmente, afirmamos que música
sacra e música gospel, diferem em muito. Tanto em seu conteúdo quanto nos fins
a que elas se destinam. Eu poderia citar diversas músicas ditas evangélicas que tratam de diálogo com
mortos e até com o diabo; que encaminham
o homem ao erotismo ou a projeção material egoísta; que expressam um espírito
vingativo e desabafos; que estimulam contém ambiguidade e confundem a mente incauta; enfim, e muitas que agridem os fundamentos
doutrinários como no reportaremos noutra ocasião.
Logo, diga-se que nem toda música
gospel é sacra e nem toda música sacra é gospel. Por isso devem-se analisar,
cautelosamente, o teor de uma música mesmo que esta seja chamada de evangélica
ou que sejam cantadas por pessoas bem aceitas em nosso meio.
Que o Deus de paz nos ajude a
compreender a sua vontade e que nossas canções sejam de fato músicas sacras.
3. A
MÚSICA EVANGÉLICA E A DIFUSÃO DAS DOUTRINAS CENTRAIS DA FÉ CRISTÃ
Sabe-se que a
música cristã tem uma importância muito grande, seja na Igreja, seja na vida
devocional. Além de ser uma forma de louvar a Deus, outra coisa que é relevante
é a divulgação das doutrinas centrais da fé cristã por meio delas. Se
analisarmos o Cântico de Zacarias, registrado em Lc 1.68-79, por exemplo,
vislumbramos um recheio de fundamentação doutrinária. Vejamos então:
Bendito o Senhor Deus de Israel, Porque visitou e remiu o seu povo,
E nos levantou uma salvação poderosa Na casa de Davi seu servo.
Como falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio do
mundo;
Para nos livrar dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos
odeiam;
Para manifestar misericórdia a nossos pais, E lembrar-se da sua santa
aliança,
E do juramento que jurou a Abraão nosso pai,
De conceder-nos que, Libertados da mão de nossos inimigos, o
serviríamos sem temor,
Em santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida.
E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, Porque hás de ir
ante a face do Senhor, a preparar os seus caminhos;
Para dar ao seu povo conhecimento da salvação, Na remissão dos seus
pecados;
Pelas entranhas da misericórdia do nosso Deus, Com que o oriente do
alto nos visitou;
Para iluminar aos que estão assentados em trevas e na sombra da morte;
A fim de dirigir os nossos pés pelo caminho da paz.
Observe como em
um único cântico, encontramos expressas: a doutrina da salvação, do pecado, da
remissão, do senhorio de Deus, da veracidade das profecias, da criação, da
libertação, dos atributos divinos, das alianças de Deus e outras mais. A
verdadeira música evangélica deve seguir este modelo: a letra de uma um hino,
além conter relatos bíblicos e descrição das maravilhas de Deus em forma de
poesia, devem divulgar as doutrinas centrais de nossa fé. Pois é isso que sugerem os cânticos que
encontramos na Bíblia sagrada.
Porém, como
esta semana estamos tratando da degradação da música evangélica, é importante
que se diga que, as músicas cristãs, entoadas na atualidade além de pobreza
doutrinária, há outra coisa ainda mais grave em questão: as heresias, as distorções
e equívocos doutrinários.
Eis algumas
expressões equivocadas que são divulgadas em algumas destas músicas, que
lamentavelmente são cantadas até nos púlpitos de nossas igrejas:
• “pega
o homem sem Deus e derrama unção” (Impossível! A unção de Deus é reservada
aos salvos, nunca ao homem sem Deus)
• “um
anjo serei”: (Equívoco: Não seremos anjos na eternidade, seremos
semelhantes a eles em alguns aspectos)
• “eu
quero uma nova unção”: (Essa é uma das doutrinas neopentecostais, porém,
não existe uma nova unção. A Bíblia fala de renovação, mas isso não significa
uma nova unção.)
• “O
anjo vai descer aqui pra te abençoar” (Não, não é função angelical abençoar
o crente, mesmo sendo eles agntes de Deus a serviço dos salvos. Isto é
influência do movimento angelical americano e do culto aos anjos.)
• “Determine
a bênção”: (Junto com a expressão decrete, constituem-se os mais apreciados
jargões dos defensores da confissão positiva. Não compete a nenhum mortal o ato
de decretar, principalmente a bênção, pois esta é consequência da obediência a
Deus, e no âmbito espiritual elas só são liberadas através de Cristo. Se não
segue estes viés em vão será ao homem
decretar.)
• “Os
Sonhos de Deus”: (Hoje é moda esta expressão. Muitas músicas evangélicas,
diga-se de passagem, bonitas, falam dos sonhos de Deus, como algo que não pode
ser frustrado. Na verdade é mais uma expressão neopentecostal, pois Deus não
sonha, Deus tem planos, ele determina as coisas de forma lógica e proposital.
Em nenhum lugar da bíblia há menção aos sonhos de Deus.
Bem poderíamos
citar muitas outras expressões que contém equívocos doutrinários, mas estas dão
pra termos uma ideia da degradação que nossas músicas têm sofrido. Isso sem
falar de composições que simulam conversa com morto (deixando margem para o
espiritismo) de expressões que perpassam atitudes de vinganças, ferindo o ideal
da conduta cristã e aquelas. Ainda que se vale de uma linguagem antropocêntrica
contidas, onde a autossatisfação do homem está acima da devoção do homem ao
Deus que merece ser adorado.
Neste caso é
imprescindível ao crente, identificar os equívocos doutrinários das músicas
evangélicas e rejeitá-las, pois mais importante que a beleza da musicalidade é
a genuinidade que elas possam
apresentar, e por genuinidade musical, no âmbito cristão, pode-se resumir em seu
conteúdo ser sacro e seus fins sejam o de louvar a Deus.
4. MÚSICA EVANGÉLICA ROMÂNTICA – TEM
FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICA?
Uma
das consequências do movimento gospel no Brasil foi à proliferação de músicas
evangélicas românticas. Até então existiam raríssimas. Com a popularização da
música sertaneja, cantada por duplas, enaltecendo o romantismo, alguns cantores
gospel, viram aí um campo fértil para expressarem o sentimento amoroso através
da música, no âmbito evangélico. Bandas e grupos foram surgindo e cada vez mais
os cantores perceberam a exigência do público e incluíram em seu repertório,
músicas deste gênero. Foi tão fenomenal a aceitação que em 1994 a MK Music
resolveu lançar a primeira coletânea gospel para os casais apaixonados,
intitulada coleção Amo Você, a qual já possui 18 volumes.
O
Estilo romântico no segmento evangélico tem dividido opiniões. Se por um lado
pessoas conservadoras com uma visão tradicional se posicionam contrárias,
entendendo que este tipo de música, busca satisfazer o coração humano,
estimulando até mesmo a sensualidade, por outro lado, pessoas com uma visão
mais adaptativa, tem se apreciado do romantismo evangélico e introduzem estas
canções, em casamentos e eventos onde o a amor conjugal ou entre os namorados é
exaltado. Outras pessoas, ainda mantem-se neutras por se sentirem inseguras
quanto ao juízo de valores.
Considerando
tal relato, instiga-nos perguntar: E aí, tem fundamentação bíblica para músicas
cristãs gospel ou essa ideia é um inventário humano? É certo cantar músicas que
exaltam o sentimento amoroso? Que observações devem ser pontuadas para que este
gênero musical possa ser aceito?
Nossa
afirmação pode ser a principio, chocante para alguns, mas há sim, fundamentos
bíblicos para músicas cristãs românticas. O livro de Cantares de Salomão
chancela esta verdade. Este livro é um grupo de poemas nupciais que tratam do
amor de um homem por uma mulher; é a expressão mais bela de um coração
enamorado exaltando a veracidade do amor conjugal. Há nesta coletânea de
poemas, a exaltação à pureza e a essência sagrada do amor dentro do casamento.
Isso em forma de canção.
Outro
texto bíblico que consiste em um cântico de casamentos é o Salmo 45.1-17. O
texto pode ser aplicado a Cristo, mas diz respeito a um hino nupcial, cantado
ou aplicado nas núpcias na cultura judaica.
Portanto,
há uma coisa que é preciso pontuar: Comparando o teor de muitas músicas
românticas cantadas no meio evangélico com os cânticos nupciais da bíblia,
descobrimos uma diferença abismal. Se estes buscam enobrecer o amor com os
ideais divinos estabelecidos para a vida conjugal, aquelas, por sua vez,
exaltam o sentimento humano egocêntrico. Muitas canções românticas ditas
evangélicas esboçam um sentimento insano e desmedido, endeusando a pessoa
amada, expondo um ideário de expressões com duplo sentidos que parecem
satisfazer mais os instintos que elevar
pureza do amor. Tais canções, mesmo ditas cristãs, devem ser reprovadas
e em nada pode se comparar com o que a bíblia fala sobre o assunto.
Finalizando, digo-lhes caros ouvintes, não basta
apenas concordar ou discordar com a música romântica evangélica, é preciso
colocá-la no crivo da palavra de Deus e da ética cristã, pois com este aferidor
de medidas, poderemos entender se esta ou aquela música é digna
de ser cantada e ouvida pelo povo de Deus – pois se não louva ao Seu Nome ou
não exalta aquilo que Ele em sua palavra já o exaltou, melhor é que seja
evitada.
5. A
MÚSICA EVANGÉLICA COMO PRODUTO DE CONSUMO
Atualmente
o público evangélico parece um campo promissor para o comércio. O consumismo
entre os crentes ganha proporção exorbitante, e neste contexto, a chamada
música gospel desponta como um produto em alta. É incrível como alguns cantores
seculares, vítimas de um mercado competitivo e saturado, tendem a migrar para
as igrejas cristãs, para aproveitarem o potencial do consumo da música
evangélica. Usam o poder de marketing de seus nomes e de suas carreiras e
adaptam suas músicas a essa realidade. Esse fato esconde duas façanhas:
primeiro é a má qualidade da música, que quase sempre está relacionada à
essência secular imbuída numa roupagem mística que a maioria dos cristãos não
tem idoneidade para identificar, e, segundo trata-se da índole do cantor: se a
pessoa não tiver nascida de Deus, tudo que faça pode induzir ao erro, pois tais
pessoas buscam a promoção pessoal e seus ideais limitam-se, em caráter
prioritário, ao lucro.
Não
podemos negar que a música evangélica, como arte, é um bem de consumo, e, por
conseguinte, os cantores e os compositores evangélicos não pecam em negociarem
seus produtos. Mas pesa neste aspecto a importância que dá a música, pois
dominado pelo apelo comercial, os objetivos são invertidos. Ou seja, a criatura
é priorizada em detrimento do Criador; aquele que projeta a música (compondo ou
cantando) pode ser aclamado como um artista e um profissional ao invés de um
adorador e, finalmente a música, é vista apenas como um bem de consumo,
tendendo a preencher os requisitos de seus consumidores.
O
cliente, com raras exceções, pouco se importa se a música é genuinamente
evangélica ou não. Basta agrada-lhe aos ouvidos; Basta satisfazer seu ego e
suas aspirações; basta ser produzida ou cantada pelo seu artista preferido.
Talvez essa seja a razão principal da degradação da música evangélica em nosso
País. Se por um lado compositores e cantores se ajustam as tendências do
mercado fonográfico, por outro lado, o público evangélico se toda cada vez
menos seletivo, no que diz respeito à qualidade e a pureza da música cristã. Se
a chamada liberdade de expressão e falta de talento estragou o a riqueza
cultural e a intelectualidade da música,
na esfera secular, o interesse comercial, infelizmente, prejudicou a evolução
da música evangélica no Brasil.
Este
comercialismo exacerbado é tão sério que púlpitos tem se tornado palcos e
cultos em espetáculos de apresentações e shows. Pois estes movimentos atraem
multidões e estas multidões representam grandes cifras em dinheiro. Tudo é
feito em nome de Deus e da fé, mas que na verdade é a certeza de que a música
evangélica tornou-se um produto para o sucesso dos negócios tanto da Indústria
como do Mercado fonográfico.
Então,
como os cantores evangélicos devem proceder para apresentar suas músicas como
bem de consumo e ao mesmo tempo agradar a Deus?
A
resposta é simples: Primeiro deve-se ter consciência de que a genuína música
evangélica constitui-se num veículo de adoração a Deus, de edificação à Igreja
e de evangelização aos perdidos, assim sendo, quaisquer fins que não sejam
esses, devem descredenciar a genuinidade da música. Segundo, deve-se haver uma
preocupação com a qualidade musical, tanto na técnica quanto na sua execução.
Pois a bíblia fala sobre isso em Sl. 33.3;
I Cr. 25 7; II Cr 5.13,14 etc. Estas duas observações garantem que o
cantor evangélico apresente suas músicas como produto de consumo sem com isso
descentra-la de seu objetivo principal que é louvar a Deus.
6. EXCESSO DE MÚSICAS NO
CULTO, UMA BÊNÇÃO OU UM PROBLEMA?
Não precisamos
nos esforçar muito para nos certificar de que a música é de grande importância
na dinâmica do culto. Os Louvores congregacionais; os momentos de adoração
musical por meio de uma equipe de louvor; a projeção de conjuntos instrumentais
e cantores, tudo isso enobrece, sem dúvida alguma, o momento que tiramos para a
adoração. Portanto, o problema se concentra no exagero que se faz em face do
tempo da programação musical. Existem Igrejas que tem um momento de louvor tão
excessivo, que não existe mais tempo para a pregação. Reservam-se os últimos
momentos do culto, onde o pregador muitas vezes, é obrigado a ajustar a sua
mensagem a um tempo tão resumido que ficaria impossível transmitir com fluência
o que se pretendia falar. Neste particular, o que poderia ser uma bênção,
desponta como um problema a ser corrigido.
Analisando este
tema à luz da bíblia, podemos ver que a boa música e a organização de músicos
consagrados são consideradas desde os dias de Davi. Foi o mavioso salmista de
Israel quem introduziu a música no culto, servido de legado para as gerações
futuras, inclusive para nós. Davi tinha um grupo musical com milhares de
participantes, mais de duzentos peritos musicais e ainda três cantores-mores,
conforme nos revelam os livros de Crônicas.
Isso mostra que a música era apresentada a Deus, com muita dedicação,
entretanto, com certos critérios. E tal era o valor dado ao louvor musical, que
os hebreus tinham o seu hinário para louvores cultuais e para cerimonias
específicas, que é o Tehilim, ou
seja, o livro dos Salmos.
A liturgia do
culto no novo testamento não era muito diferente. Havia critérios ordeiros para
os elementos cultuais. Paulo afirma aos irmãos de Corinto: Que fareis, pois, irmãos? Quando vos
ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua,
tem interpretação. Faça-se tudo para edificação. (I Co 14.26). Subtende-se da
última expressão deste texto que o exercício dos elementos do culto, inclusive
o canto, deve seguir parâmetros.
Quando
analisamos a música no contexto do Antigo e do Novo Testamento concluímos duas
coisas: primeiro que a música tem seu espaço prestigiado no culto, e, segundo,
que o momento musical deve ter comedimento, ou seja, não deve suprimir nenhum
outro elemento litúrgico, especialmente o momento da ministração da Palavra de
Deus.
Note bem que
não estou depreciando a música no culto, mas condenando o mau uso dela, ou
excesso de programações musicais, que só tende a distorcer os princípios da
adoração a Deus.
Isso é tão
sério em nossos dias, que já contornou a conduta de muitas pessoas. Por
exemplo, se em determinada Igreja houver uma festividade com presença de
diversos cantores; com a apresentação de muitos grupos musicais, analise como
se comportam e com se expressam a
maioria dos crentes: com vibração e entusiasmo! Mas, analise as mesmas pessoas
diante da exposição da Palavra de Deus! (não estou aqui generalizando) usei a
expressão “determinadas igrejas”. Pois é, são apáticas e às vezes
desinteressadas. Por isso há uma geração que vem aí que deve nos preocupar: são
pessoas que confundem shows com adoração; gritos de euforia com alegria
espiritual e espetáculo com culto.
Que haja
cânticos nos nossos cultos! É bíblico. Que os crentes aprendam a chegarem cedo
à Igreja para o momento do louvor congregacional, pois muitos irmãos não
participam mais deste ato; Que se tenha uma boa equipe de louvor para ministrar
o canto em momentos de adoração; Que cantem nossos conjuntos musicais,
verdadeiros louvores a Deus; Que haja cantores consagrados que atraiam a glória
de Deus para o recinto com suas melodias, mas, é preciso atentar para que o
exagero da programação musical, não distorça a liturgia de nossa igreja
comprometendo assim, a exposição da mensagem bíblica, como se tem constatado em
muitas igrejas atualmente. Aliás, esta tem sido já de muito tempo a orientação
do nosso pastor presidente Ailton José Alves, que se cumpra, então! E que a
música no culto não venha se tornar, o culto à musica como alguém um dia já
disse.
Esperamos que
estes comentários sobre a degradação da música evangélica brasileira na
atualidade venha servir, de alguma maneira, para nosso melhoramento diante de
um assunto que é tão comum e importante
para o povo de Deus. Amém.
Pb. Sérgio Geremias
Sabias colocações pastor, concordo plenamente!
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